30 de mar. de 2011

Manual do Jovem Orientista - Dica nr 2

Dica no 2: Comece aprendendo as técnicas básicas.

Antes de participar de uma competição de orientação é importante aprender alguns fundamentos do esporte, como orientar um mapa, comparação mapa-terreno e conhecer os principais símbolos. É necessário a instrução teórica básica e fazer treinamentos práticos sem avaliação de tempo. O conhecimento de todos os símbolos vem com a prática, usando vários mapas diferentes. Mesmo aqueles com habilidades inatas para o sucesso no esporte precisam aprender as técnicas básicas.

É necessário adquirir confiança antes de começar a participar de competições. Eu participei de minha primeira competição após dois meses de treinamento, com duas sessões semanais de orientação e quatro de treinamento de corrida. Este tempo foi suficiente para conhecer as técnicas básicas e ter auto-confiança para executar um percurso de competição. Em alguns clubes de orientação o treinamento para iniciantes é feito de maneira desorganizada, eventualmente apenas nas competições. O ideal é que o aprendizado seja progressivo, sedimentando as técnicas aprendidas em sequência (veja o exemplo da Orientação Passo a Passo no Anexo A).

É importante ter em mente essa sequência de técnicas no trabalho com iniciantes, pois cada um aprende de maneira diferente. Uma pessoa pode levar bastante tempo para aprender uma técnica, enquanto outra progride de um nível para outro rapidamente. O treinador precisa ter paciência e não tentar forçar ninguém a aprender mais rápido do que pode! Vários orientistas desistiram de competir depois serem colocados em provas mais difíceis do que o nível de treinamento que já haviam experimentado.

Ao ensinar iniciantes no esporte eu começo sempre pela técnica de comparação entre mapa e terreno, é aplico um exercício prático de orientação do mapa sem bússola. Neste mesmo exercício eu ensino como manusear o mapa e orientá-lo ao terreno com o uso do polegar para marcar onde está. Esta é uma técnica que aprendemos na primeira atividade prática e usamos em todas as outras vezes que praticamos orientação. O aprendizado das outras técnicas vem depois, de acordo com as oportunidades e disponibilidade dos recursos, de preferência seguindo uma evolução gradual.

É importante também continuar treinando as técnicas já aprendidas ao passar para os níveis seguintes. Os iniciantes têm necessidades psicológicas básicas ligadas ao companheirismo e autoconfiança. O treinador precisa ver que os amigos podem estar juntos mesmo que suas habilidades de orientação sejam um pouco diferentes. É importante passar por todos os níveis de aprendizado, um de cada vez, passando aos poucos para níveis de percurso mais difíceis em competição, de acordo com o desenvolvimento técnico e físico.

ANEXO A
Aprendendo Orientação Passo a Passo
(adaptação do livro de Gunnar Hasselstrand)

Nível básico - Compreender o mapa. Orientar o mapa. Ambientar-se com a floresta.
Aprendizado dos elementos básicos da orientação, partindo do ambiente escolar, com mapas simples, onde se aprende o manuseio do mapa orientado. Aos poucos é feita a transição para o ambiente mais comum da orientação, como parques e bosques.

Nível 1 - Orientar o mapa usando o terreno.
A - Interpretar as cores do mapa e símbolos mais usados
B - Orientação ao longo de uma trilha.
C - Orientação de uma trilha para outra.

Nível 2
D - Ler os objetos ao longo dos caminhos. Pegar pontos de controle fora dos caminhos.
E - Atalhos.
F - Orientação em pernadas curtas definindo características simples.

Nível 3
G - Fazendo escolhas de rotas mais simples.
H - Orientação em pernadas longas definindo características mais difíceis.
I - Orientação fina em pernadas curtas.

Nível 4
K - Compreendendo o relevo (curvas de nível).
L - Orientar-se usando as grandes colinas e reentrâncias significativas.
M - Ler o relevo em detalhes.

Nível 5
Checar os pontos ao longo da rota. Interpretar o relevo em velocidade da competição. Usando as técnicas corretas com mudanças nas dificuldades.

Nível 6
Pernadas e distâncias mais longas. Definir características e pontos de ataque. Pontos de controle difíceis.

A sequência sugerida acima, apoiada pela Federação Internacional de Orientação, define linhas gerais para o desenvolvimento do trabalho com novatos na orientação. A ordem das técnicas abordadas pode ser alterada, de acordo com a conveniência ou disponibilidade do técnico que prepara o treinamento, mas é aconselhável que seja ensinado o conteúdo mínimo colocado aqui. 

Os jovens orientistas precisam adquirir autoconfiança a cada nível, e passarem progressivamente aos níveis mais difíceis. Mesmo quem treina por conta própria, sem ter um clube de orientação que o apóie, precisa buscar o treinamento das técnicas que ainda não conhece, seguindo estas sugestões. Às vezes não contamos com uma estrutura de apoio adequada para realizar um treinamento tão completo. Por vários anos eu treinei sem ter um clube de orientação, mas meu aprendizado básico seguiu passos semelhantes ao sugerido. Esse modelo de aprendizado sistemático é muito mais eficiente que a simples execução de percursos em competições, mesmo que estes sejam direcionados a iniciantes.

Nota: No livro citado há mais detalhes sobre o tipo de treinamento aplicado a cada nível.

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