24 de abr. de 2011

Manual do Jovem Orientista - Dica nr 5

Dica no 5: O aprendizado com profissionais do esporte é muito valioso.

Além de aprender as técnicas de orientação com um técnico experiente, tive a oportunidade de treinar corrida de fundo com Ideberto de Paula Souza, professor de educação física que era fundista da Equipe da Força Aérea, campeão das Forças Armadas nos 5.000m, também com experiência no Campeonato Mundial de Corrida Através-Campo. Com ele aprendi na prática os princípios do treinamento físico aplicado à corrida de fundo, tendo um rápido desenvolvimento seguindo um programa de treinamento.

Depois de apenas dois meses de treinamento sistemático, além de ganhar minha primeira competição de orientação, entre atletas de mesmo nível técnico, consegui uma vaga na equipe de corrida rústica por meu desenvolvimento, sendo o 12o colocado numa prova de 8km com 60 participantes, sendo todos mais experientes em provas desse tipo.

Como meu objetivo principal era o Campeonato de Orientação das Forças Armadas, dali a dois anos, continuei treinando com a equipe de fundo, para ter o treinamento adequado e poder atingir o nível físico exigido no Campeonato Brasileiro.

Desde então sempre corri utilizando um programa de treinamento, com o auxílio de algum profissional de educação física com experiência em corrida de fundo. A ajuda desses profissionais foi muito importante para que eu melhorasse minha qualidade de corrida e tivesse sucesso na orientação, afinal, um dos fatores fundamentais para conseguir medalhas em competições de orientação é ter um bom condicionamento físico.

Mesmo para aqueles que não têm interesse em competir na categoria Elite, é interessante seguir um planejamento para o treinamento de corrida, mesmo que seja para treinar apenas três vezes por semana, assim os resultados podem ser melhores, além de diminuir a possibilidade de sofrer lesões nas competições, em razão da adaptação feita no treinamento. É imprudente praticar atividade física apenas nos finais de semana, assim como praticar orientação apenas nas competições oficiais. Também é imprudente treinarmos sem a orientação de um profissional de educação física, pois um esforço inadequado pode levar a lesões musculares e um treinamento fraco não trará grandes benefícios. Se não tivermos oportunidade de treinar numa área de orientação regularmente, pelo menos precisamos treinar a corrida, preferencialmente em terreno variado. Com certeza isso garante um melhor condicionamento físico para podermos enfrentar com mais tranquilidade os desafios de uma competição de orientação.

21 de abr. de 2011

1a ETAPA DO CAMBOR


Veja no site da Federação Cearence de Orientação as informações e resultados da 1a Etapa do CAMBOR.

13 de abr. de 2011

Manual do Jovem Orientista - Dica nr 4

Dica no 4: Valorize os orientistas antigos, eles têm muito para ensinar.








Após aprender os primeiros passos com um orientista experiente, Vitorino Calvi, meus primeiros técnicos na Equipe da Força Aérea foram Euro Brasílico Magalhães e Uderci Braga Silva. Com eles, além de aprender a importância de um treinamento bem programado, aprendi sobre a importância do trabalho em conjunto para o desenvolvimento do esporte.


Brasílico trabalhou na CDMB e foi o Diretor Técnico e traçador de percursos nos Campeonatos Mundiais Militares de 1983 e 1992. O mapeamento e apoio geral foram feitos por militares do Exército, mas ele foi responsável por ajustar os mapas às exigências do Comitê Técnico e traçar os percursos dentro do padrão previsto pelo CISM. A valorização do trabalho organizado e qualidade a técnica dos percursos foram marcantes em seu trabalho.

Uderci, que participou dos primeiros Campeonatos Brasileiros e também de Mundial Militar, foi o primeiro militar da Aeronáutica a ser campeão brasileiro das Forças Armadas. Com ele aprendi que a introdução da orientação no Brasil foi um trabalho conjunto das três Forças Armadas, através da CDMB, Comissão Desportiva Militar do Brasil, com seus precursores em cada Força. Os esforços individuais somaram-se e os eventos foram ocorrendo, o que possibilitou a continuação do esporte no meio militar até nossos dias. Ele trabalhou bastante em eventos de orientação organizados pela FAB, onde foi diretor de prova várias vezes. Foi um dos primeiros a adquirir licença do OCAD, permitindo a realização de vários mapas para os eventos da Academia da Força Aérea. Gostei muito de trabalhar com ele porque sempre me dava autonomia para eu realizar meu trabalho com os percursos, apoiando no que eu necessitava. Inclusive depois de ir para a reserva, ele participava como voluntário nos eventos da AFA, e mesmo depois que foi diagnosticado com câncer continuou com seu trabalho até algumas semanas antes de sua morte. Seu exemplo de humildade, competência e dedicação foi de grande inspiração para mim
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Além do trabalho da CDMB, uma iniciativa individual que possibilitou o início do trabalho de vários grupos foi a série de palestras promovidas por Leduc Fauth, funcionário do Ministério da Educação em Brasília, nos anos de 1986 e 1987, trazendo os suecos Göran Ölund e Ulf Levin, respectivamente, para clínicas de orientação em diversas cidades do país. Ele contou com o apoio de instituições que tinham alguma ligação com o esporte e dispunham de instalações adequadas para as palestras. Vários clubes de orientação, com a participação de militares e civis, tiveram início a partir dali. Tive a oportunidade de participar das duas clínicas realizadas na Academia da Força Aérea, que contava com mapas recentes na região, confeccionados para treinamento e para a prova de orientação do Campeonato Mundial de Pentatlo Aeronáutico, realizado no ano anterior. Em 1986 foi fundado o Clube de Orientação dos Cadetes da AFA.

Alguns anos depois, quando fui morar no Rio de Janeiro, participei do Floresta Clube de Orientação, que reunia militares das três Forças e civis, também fundado em 1986, após a clinica organizada pelo Leduc no Rio de Janeiro. Ali trabalhei bastante com José Ferreira de Barros, militar da Marinha, que de 1990 a 1992, esteve à frente da organização de eventos locais com mais de 200 participantes cada, sendo a maioria de novatos. Após sua mudança para Brasília, Barros foi um dos responsáveis pelo Campeonato das Forças Armadas por mais de dez anos, e ainda organizou eventos de orientação para crianças e iniciantes.

Um orientista da geração anterior à minha, com quem tive bastante contato no Rio de Janeiro foi Ambrózio Gonçalves de Souza, conhecido por montar percursos muito difíceis. Na verdade ele reproduzia o estilo de traçado de percursos comum nas competições do Exército nas décadas de 70 e 80. Eu sempre fui adepto ao estilo que aprendi com Brasílico e outros traçadores da FAB e CDMB. Apesar do estilo diferente, sempre tive bom relacionamento com o Ambrózio, que apesar do conservadorismo, aos poucos ia incorporando as novidades e novas tecnologias da orientação internacional. Aprendi com ele a importância da disponibilidade para a montagem de treinamentos e competições, que ele tinha tanto na ativa quanto na reserva. Muitos costumam criticar os trabalhos feitos da maneira antiga, mas poucos são os que se dispõe a trabalhar junto e tentar inovar aos poucos, como eu procurava fazer. Quando via algo que poderia ser mudado, eu conversava com o organizador sobre o assunto, mas sempre valorizava e elogiava o esforço e o trabalho geral realizado, pois sei como é difícil nos dedicarmos à organização de eventos, por mais simples que pareçam ser.

Também trabalhei com Sérgio Gonçalves Brito, militar que foi técnico da Equipe do Exército e do Brasil, instrutor na Escola de Educação Física do Exército, organizador de eventos, mapeador e diretor de clube de orientação. Ele trabalhou bastante para o desenvolvimento da orientação nas cidades por onde passou. Ele foi meu instrutor quando fiz o curso da EsEFEx em 1996, e eu o ajudei na organização de algumas competições, na época em que estávamos começando a fazer mapas com auxílio de computador. Após ir para a reserva, como coronel, ele passou a realizar um trabalho muito bom com crianças do ensino fundamental na cidade de Miguel Pereira-RJ. Ele foi chamado para ser o gerente da competição de orientação dos 5º Jogos Mundiais Militares, no Rio de Janeiro em 2011.

É bom conhecermos orientistas como esses e outros mais, que deram grande contribuição para o desenvolvimento do esporte, e seguirmos o mesmo exemplo, cooperando sempre que pudermos, principalmente na organização de eventos. Participar dos eventos é muito bom, mas para que estes aconteçam é necessário o trabalho de muitas pessoas. Na época em que competia, todo ano eu deixava de correr pelo menos numa prova do campeonato estadual para trabalhar na organização, e várias vezes trabalhei em eventos de nível nacional. É assim que é feita a história do esporte: tanto com os que fazem resultados como atletas quanto os que trabalham na organização dos eventos.

5 de abr. de 2011

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DOMINGO, 27 DE MARÇO DE 2011

MEDITERRANEAN OPEN CHAMPIONSHIP: VITÓRIAS DE AUDUN WELTZIEN E ANNIKA BILLSTAM




Em Itália, na região de Palermo (Sicília), correu-se este fim-de-semana mais uma edição do MOC – Mediterranean Open Championship Orienteering. Um evento que marca o regresso às lides da Orientação do (agora) número três do Mundo, o suiço Daniel Hubmann.

SPRING CUP 2011: OLAV LUNDANES E SIGNE SØES CONFIRMAM FAVORITISMO




Disputada este fim-de-semana, a 21ª edição da Spring Cup dominou parte das atenções do panorama internacional

3 de abr. de 2011

Manual do Jovem Orientista - Dica nr 3

Dica no 3: Tenha objetivos claros em vista.

Aos 16 anos de idade fui para a Escola de Especialistas de Aeronáutica (EEAr). Logo no início do curso fizeram testes para selecionar os que já praticavam algum esporte, visando a competição interna. Eu tinha o interesse de praticar algum esporte para desenvolver o condicionamento físico, mas inicialmente não fui selecionado para nenhuma modalidade. Eu achava interessante como alguns colegas corriam no gramado em volta da pista de atletismo, e certo dia experimentei fazer algumas voltas atrás de um colega. Quando ele parou, também parei e ficamos conversando. Ele já corria fazia alguns anos, tinha sido selecionado para a equipe de corrida rústica e comentou que eu tinha jeito de corredor de fundo. Dois dias depois, em nosso horário de educação física, chamaram 10 voluntários que gostassem de correr para participar de uma nova modalidade. Eu não sabia o que era, mas como estava interessado em aprender a correr, levantei logo a mão.
 

O grupo foi levado para uma apresentação sobre orientação com Vitorino Calvi, que participava da equipe da Força Aérea desde 1971 e naquele ano era técnico da equipe. Quando ele mostrou o que era a orientação, com algumas fotos dos Campeonatos Brasileiros e dos Campeonatos Mundiais Militares que participou, visualizei que aquele era um esporte no qual eu poderia ir bem se tivesse dedicação. Ele disse que para praticar orientação era necessário correr bem e ser esperto. Pensei comigo: “Eu sou inteligente, só preciso treinar para correr melhor”.


Desde aquele dia coloquei como objetivo pessoal fazer parte da Equipe da Força Aérea e participar do Campeonato Mundial. Não foi por acaso que fui o campeão individual na 1a competição de orientação da EEAr em 1984 – este era meu objetivo inicial. E outros resultados positivos também vieram, fruto de bastante tempo de preparação com objetivos específicos definidos. Além de fazer parte da Equipe da Força Aérea, fui campeão das Forças Armadas três vezes, fui Campeão Sul-Americano duas vezes e cheguei a competir em sete Campeonatos Mundiais Militares de Orientação. A dedicação ao treinamento foi fundamental para atingir esses objetivos.

Ter objetivos claros nos dá mais motivação para encarar um treinamento sério e puxado, impedindo que desanimemos por qualquer motivo. Quando acabava uma competição, eu começava a treinar para a próxima. Quando terminava de fazer um mapa de uma área nova, começava a procurar outro local para mapear, com nova possibilidade de competição e treinamento. Quando termino um trabalho qualquer, fico pensando nas possibilidades de melhoria para o futuro.

Em 2005 eu fui a Recife para dar aula num curso de uma semana para aplicadores de teste de avaliação física da CDA. Em um dos dias sai para correr, saindo da Base Aérea até o morro dos Guararapes, que fica em uma área do Exército onde tem um mirante com uma Bandeira Nacional. Na subida fui surpreendido por uma chuva rápida, que não amenizou o calor, parecia que a chuva era morna. Chegando ao alto, apesar do tempo parcialmente nublado, pude visualizar um lindo horizonte, com praias de Norte a Sul e o Oceano a Leste. No início da corrida não havia nada interessante, apenas casas simples, alguns prédios, ruas com terra e barro, mas ao chegar ao alto pude contemplar uma paisagem completamente diferente. Foi daí que tirei esta frase, que usei em algumas aulas dali em diante: “O horizonte está na altura dos nossos olhos, por isso precisamos subir a um lugar mais alto para ver as lindas paisagens que não podemos ver de baixo, e para ver que podemos ir muito mais além do que está à nossa volta”.

Nossa principal limitação encontra-se nos objetivos que traçamos, não nos meios de que dispomos para alcançá-los. Primeiro definimos onde queremos chegar, depois analisamos como fazer para chegar lá. Nosso horizonte está sempre à altura dos nossos olhos, por isso precisamos subir a um local mais alto para ver mais longe. A bússola sempre aponta para o norte, nós é que escolhemos o destino a seguir.