Dica nº 64: Observe os detalhes de relevo ao escolher a rota.
Para alguns atletas de alto nível, o relevo não faz muita diferença na escolha de rota, eles simplesmente escolhem a rota mais curta e navegam por ela, mas esta regra só é válida para aqueles com excelente preparo físico.
No Campeonato Mundial realizado na Croácia em 2008, o relevo tinha elevações médias, mas permitindo navegar na linha vermelha; algumas vezes eu desviava de algumas elevações, mas era comum para grande parte dos competidores passar direto, seguindo uma linha reta até o próximo ponto, mesmo cortando as reentrâncias, onde costumamos desviar um pouco na curva de nível, eles cruzavam reto, descendo e subindo, sempre mantendo a mesma direção. Essa estratégia é válida para quem tem um preparo físico excelente, que possibilita fazer todo o percurso, subindo e descendo elevações, sem ter que poupar energia. Para os demais, é importante avaliar qual a melhor alternativa de acordo com o relevo.
Além da alternativa que proporcione menor desgaste físico, também analisamos qual facilite a navegação, que proporcione uma navegação fácil até o ponto de ataque escolhido. A navegação pela linha do azimute também é mais fácil em áreas onde a vegetação não atrapalhe a progressão, como é o caso da maioria das áreas na Europa, o que nem sempre ocorre nas áreas brasileiras.
No Campeonato Mundial Militar no Brasil em 2006, houve uma situação que o uso do relevo fez diferença na disputa do menor tempo no percurso médio. Naquela área o relevo oferecia uma boa variação nas opções de rota. A disputa principal foi entre o russo Andrey Khramov e o francês Thierry Gueorgiou, ambos campeões em mundiais da IOF, que fizeram ritmo de corrida abaixo de 5min/km. Consegui com eles o traçado com as rotas realizadas e João Edilson Lopes fez a simulação com os tempos em cada ponto, no aplicativo que mostra o mapa e a representação dos competidores fazendo suas rotas de acordo com o tempo de execução, comparando o desempenho dos três primeiros daquele percurso. O suíço Baptiste Rollier, que foi o 3º colocado, liderou até o ponto 5, mas quando errou no ponto 6, Khramov que vinha em segundo liderou até o ponto 7 com uma vantagem pequena. Khramov errou na hora de pegar o ponto 8, quando Thierry passou a liderar com folga de 30 segundos. Na rota para o ponto 11, Thierry usou uma rota mais próxima da linha do azimute, subindo a elevação, enquanto Khramov desviou mais à esquerda para passar num colo mais abaixo.
Apesar de aumentar um pouco a distância, Khramov teve que subir menos, chegou ao ponto de controle mais rápido e fez o menor tempo parcial de todos, passando a liderar dali até o final, vencendo com apenas 3 segundos de vantagem sobre Thierry.
Isto mostra que mesmo em percursos médios, o uso do relevo é importante na navegação e escolha de rotas, interferindo no resultado final.
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