Dica nº 81: Não mude sua estratégia de navegação.
No segundo percurso do Campeonato Mundial em Portugal, a característica principal era de um percurso com algumas pernas longas seguidas de pernas menores com mudança de direção, com elevações suaves, mas sempre com certa facilidade de seguir a direção do azimute entre os pontos, ou seja, seguir na “linha vermelha”. Desde o início optei por seguir pelo azimute, na rota longa para o ponto 6 fui alcançado pelo atleta polonês que saíra 2min depois de mim no mesmo percurso, ele foi passando paralelamente, um pouco à minha direita. Mantive a “proa” (termo aeronáutico para azimute) inicial checando as referências, enquanto ele abria para a direita. Bati encima do ponto de controle e o polonês veio logo atrás para marcar, passando à frente e pegando primeiro os dois pontos seguintes, próximos um do outro. A rota para o ponto 9 era longa, cruzando referências lineares como cerca e estradas, dentro de área coberta. O polonês novamente abriu para a direita e afastou-se, estava claro que ele tinha um preparo físico melhor que o meu, mas mantive a direção correta e cheguei primeiro ao ponto seguinte, com ele cerca de 50m à direita. Na sequência alcancei o atleta romeno que saíra antes de mim e passei no ponto dos espectadores e posto d’água na frente dos dois, liderando a rota para o ponto seguinte. Depois disso o polonês aumentou o ritmo de corrida e pegou os pontos finais na frente, abrindo cerca de 100m à frente até a chegada. No dia do encerramento aquele polonês veio me cumprimentar, dando uma flâmula de seu clube, agradecendo por minha ajuda: ele fez o 2o melhor tempo daquela pista e fechou em 3o lugar na final “B”, de acordo com o formato daquele campeonato, ganhando até uma medalha. Sem minha “ajuda” provavelmente ele perderia mais tempo e não faria um resultado tão bom. Para mim foi bom porque me motivou a correr mais, e pude ver o quão importante é não alterar a estratégia de corrida em função dos outros, pois se tivesse desviado minha navegação, ambos iríamos errar e perder tempo. Eu também ganhei posições e fechei em 8º lugar na final “B”.
Em outros campeonatos pude observar que os atletas mais experientes, além de correr muito, procuram manter a concentração na navegação que planejaram, independentes dos atletas por que passarem ao longo da rota. É semelhante ao que aconteceu comigo várias vezes em provas nacionais, quando passava por atletas com ritmo de corrida mais fraco, sem perder a concentração na navegação.