21 de jun. de 2011

Manual do Jovem Orientista - Dica nr 8

Dica no 8: Tenha um bom relacionamento com os colegas e adversários.

Eu sempre fui bastante tímido e introvertido, mas tive bastante facilidade em fazer boas amizades no meio da orientação. É claro que precisamos respeitar algumas características individuais, mas o relacionamento deve ser sempre de ajuda mútua, principalmente fora da área de competição. Em todos os eventos nacionais podemos ver o bom relacionamento entre os orientistas de estados diferentes; a disputa fica restrita apenas entre a partida e a chegada do percurso. Trabalhei bastante com militares de outras forças e também com civis de diversas profissões.

Também tive contato com praticantes de outros esportes, a exemplo de Demétrius de Carvalho, da ONG Eco Sistema, que trabalha com provas de trekking. Em 1996 ele começou organizar algumas provas de orientação, inclusive eu o ajudei no mapeamento e montagem dos percursos para o 1o Troféu Brasil de Orientação, realizado em dezembro daquele ano em São José dos Campos. Este evento teve uma boa participação de orientistas de vários estados. Foi realizada uma reunião fortalecendo a idéia da organização de um calendário para os eventos estaduais, nacionais e sul-americanos, mostrando a necessidade de formação da Confederação Brasileira de Orientação. No ano seguinte vimos a dificuldade em unir as competições de trekking e orientação, e achou-se melhor voltarmos a trabalhar separadamente. Depois disso a orientação fortaleceu-se com a fundação da CBO, mas o principal motivo do sucesso ainda é o bom relacionamento entre as pessoas que organizam os eventos.

Comprovei isto também em competições internacionais, onde o contato com pessoas de outros países sempre foi amigável. Algumas chegam a abrir suas casas para nos receber quando vamos competir em outros países. Na primeira vez que fui competir na Suécia, em 1990, encontrei-me com Ulf Levin no O-Ringen 5-Days, os Cinco Dias de Orientação da Suécia. Depois da competição fui até a casa dele, perto de Estocolmo, onde conheci seu pai, Lennart Levin, que era Secretário Geral da IOF, Federação Internacional de Orientação. Lennart costumava receber orientistas do mundo todo. Além de mostrar a Secretaria da IOF, levou-me para conhecer a fábrica de bússolas Silva, fomos treinar na sede de campo de seu clube e ele ainda pagou o taxi até o aeroporto.

No ano seguinte, quando fui para a Suécia no Campeonato Mundial Militar com a Equipe Brasileira, fiz contato com Göran Ölund, técnico de um clube bastante conhecido, que sempre tem um ou dois atletas na Equipe Sueca. Ele se dispôs a apoiar nossa equipe caso fôssemos uma semana antes, o que não foi possível, mas fez questão de receber a todos para um almoço em seu clube de orientação, antes de irmos embora.





Não voltei à Suécia depois disso, mas encontrei Göran na Finlândia, no Jukola Relay 2005, que ficou muito contente, disse que não tinha planos de vir ao Brasil novamente, mas comentou que sua casa ainda continuava aberta caso tivesse algum brasileiro interessado em treinar na Suécia.

Outro orientista sueco que conheci foi Per Olof (Peo) Bengtsson, sócio de Jörgen Martenson na WWOP – World Wide Orienteering Promotion – que organiza pacotes de turismo para orientistas veteranos da Europa. Neste trabalho ele tem apoiado algumas iniciativas de mapeamento em vários países do mundo. Ele que apoiou a vinda de Ulf Levin e Göran Ölund, em 1986 e 1987, após a ida de Leduc Fauth para a Suécia, pois teve contato com os brasileiros que participaram das clínicas do O-Ringen até recentemente. Nessas clínicas ele costuma isentar de várias taxas os orientistas que vêm de países mais distantes, como é o caso do Brasil, facilitando a estadia e transporte naquele período.
Eu o conheci em 1990, quando participei da Clínica do O-Ringen, junto com os Cinco Dias de Orientação da Suécia, onde ele foi um dos palestrantes e acompanhava todas as atividades. Lembro ainda de ter conversado com ele sobre a situação da orientação no Brasil quando fui participar do Simpósio de Mapeadores da IOF, ocorrido junto ao Campeonato Mundial de 1991, realizado na República Tcheca. Em 1994 e 1996 ele enviou alguns jovens suecos para auxiliar alguns trabalhos de mapeamento no Brasil, entre eles Arto Rautiainen, que auxiliou no mapeamento da área utilizada no 1º Campeonato Sul-Americano em Santa Maria – RS. Também trouxe grupos de veteranos em 1994, 1999, 2006 e 2011.

Esses exemplos mostram como é importante o relacionamento fora do ambiente de competição, como é um elemento facilitador e importante para o desenvolvimento do esporte.

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11 de jun. de 2011

Segunda Etapa do Brasileiro de Orientação - Orientação no SporTV

Veja o vídeo de divulgação da segunda Etapa do Brasileiro de Orientação, em Santana do Livramento, RS.


O campeão masculino da primeira etapa, Leandro Pasturiza, é um dos grandes nomes no Brasil, ele é tetracampeão sul-americano, tricampeão brasileiro, campeão brasileiro das Forças Armadas, entre outros.

Pasturiza venceu os dois percursos na segunda etapa do CamBOr. Sua esposa, Miriam Pasturiza, foi quem levou o primeiro lugar da primeira etapa do Brasileiro, na categoria feminina.Ela venceu o percurso médio e foi segunda no percurso longo.

Tânia Carvalho, que ficou em segundo na primeira etapa, levou a melhor em Livramento, para não perder o posto de primeiro lugar no ranking nacional para Miriam, que vem logo em seguida no ranking. Tânia venceu o percurso longo e ganhou a etapa no critério de desempate.

Matéria completa: http://sportv.globo.com/platb/podio-verde-amarelo/tag/orientacao/

Resultados: Percurso Médio

III Etapa CamBOr 2011

Data: 21 a 23 de outubro
Local: Caldas Novas, GO

Veja no ORIENTOVAR:

SEXTA-FEIRA, 10 DE JUNHO DE 2011

TÂNIA CARVALHO: "A ORIENTAÇÃO É O MEU MEIO, LÁ ESTÁ GRANDE PARTE DOS MEUS AMIGOS, É O MEU TRABALHO E É O MEU LAZER"



Nascida no Rio de Janeiro a 23 de junho de 1978, Tânia Maria Jesus de Carvalho é a convidada de Junho do “Espaço Brasil” no Orientovar. Atleta de eleição, Campeã Sul-Americana em título, vencedora do 'ranking' brasileiro em 2010 e figura incontornável da selecção brasileira de Elite Feminina, Tânia Carvalho é Bacharel em Direito. Amante de livros da natureza, de boa música com culinária e de tudo isso na companhia daqueles que lhe são mais queridos, é uma pessoa que se surpreende e se encanta com as culturas, as pessoas e as experiências de cada dia. Confessa-se atraída pelas coisas simples e revela que é com os pequenos momentos de prazer que vai compondo o seu ser, numa espiral de permanente mudança e adaptação.E espera que o contacto com o Meio Ambiente e com as actividades na Natureza sejam o seu cenário por muito tempo.

Veja a entrevista completa:
http://orientovar.blogspot.com/2011/06/tania-carvalho-orientacao-e-o-meu-meio.html

4 de jun. de 2011

Manual do Jovem Orientista - Dica nr 94

O Manual do Jovem Orientista tem 100 dicas. Hoje vou postar uma da segunda parte do livro, lembrando dum fato ocorrido no ano passado com Thierry Gueorgiou que atualmente voltou a figurar como número 1 do ranking da IOF.


Dica no 94: A orientação e a mídia.

A participação da mídia tem sido muito importante para o desenvolvimento da orientação, desde a divulgação dos eventos, cobertura durante as competições, e apresentação dos resultados. Os novos formatos de competição tendem a tornar a orientação mais visível e mais atrativa ao público e à mídia. Os avanços tecnológicos têm contribuído para facilitar essa participação da mídia, aumentando o interesse e visibilidade dos eventos.

Até a década de 80 contávamos apenas com a figura do locutor, para chamar a atenção do público presente nas arenas para os resultados dos melhores atletas. Com o apoio dos computadores, na década de 90 os locutores passaram a acompanhar os resultados parciais e cobrir por mais tempo a disputa entre os principais concorrentes, com alguns grandes eventos contando com telão para o público acompanhar a imagem da chegada e das entrevistas com os atletas. Surgiu também a orientação nos parques, trazendo a orientação para a cidade, aumentando sua visibilidade e facilitando a cobertura pela TV, formato que depois foi incorporado ao Campeonato Mundial na prova de Sprint. Na década seguinte, já com a implantação dos sistemas de picote eletrônico e o surgimento do sistema de rastreamento por GPS, mais ferramentas foram incorporadas à apresentação dos grandes eventos, com a arena dispondo de mais informações em tempo real e mais câmeras filmando pontos de controle intermediários. Além dos eventos de Sprint, as provas de revezamento tornaram-se bem mais emocionantes para o público presente nas arenas, assim como mais interessante para a cobertura da TV e transmissão pela Internet.

Um bom exemplo foi a cobertura do Campeonato Mundial de 2010 na Noruega, com a cobertura pela TV e pela Internet, através do site do evento e por um site esportivo da Suíça, cobrindo todas as provas. Para mim a prova mais interessante foi o revezamento masculino, que é bastante disputado desde o início. Foram posicionadas cinco câmeras no meio do percurso, mais as filmagens da arena e o rastreamento de todos os competidores, mostrando a rota dos primeiros colocados em tempo real. Na segunda perna nove equipes se destacavam das demais, com boas oportunidades de disputa, de acordo com seus melhores atletas. Na última perna saiu na frente a equipe da França, com Thierry Gueorgiou, seguido de perto na mesma variação por Valentin Novikov, da Rússia. Apenas 25 segundos atrás, na 6ª posição, estava a equipe da casa, com o campeão do percurso longo Olav Lundanes. Na parte final da prova, pouco antes de passarem na arena, seguida de um trecho final antes da chegada, Thierry estava com boa vantagem à frente de Novikov, com Lundanes logo atrás na disputa. Enquanto espectadores do mundo todo acompanhavam a rota pelo rastreamento do GPS, do ponto 16 para o 17, Thierry passou direto para o 18, enquanto Novikov seguiu para o 17. No chat da Internet começaram a aparecer mensagens de surpresa pelo fato. Thierry só foi perceber o erro mais à frente, já ao alcance das câmeras da arena, mas era tarde demais, com seu erro acabou terminando em 8º lugar. Novikov garantiu a liderança e levou o ouro para a Rússia. A prata ficou para a Noruega, mas ainda houve a disputa pelo bronze, entre Scott Fraser da Grã-Bretanha e Matthias Merz da Suíça. Ao chegarem no penúltimo ponto juntos, já visível ao público, o suíço fez uma excelente arrancada final, abrindo 7 segundos de vantagem até a chegada, garantindo o bronze. Este tipo de cobertura torna a orientação mais visível e mais atrativa para o público, incluindo aqueles que ainda não têm muito contato com o esporte.


No dia seguinte Thierry postou em seu blogue o pedido de desculpas: “Eu não tenho muito a dizer, exceto que cometi um erro. É tão simples, mas eu ainda não posso acreditar nisso e realmente dói. Eu não vi o ponto 17 do revezamento e fui direto para o 18. Eu só percebi o meu erro quando eu passei pela arena e ouvi o locutor dizer que eu perdera um ponto. Ontem, eu tinha tudo para ter sucesso: a melhor posição de partida, menor variação e, provavelmente, a melhor forma que eu já tive em qualquer corrida do WOC... mas eu estraguei tudo e tenho que pedir desculpas, em primeiro lugar, a Philippe e François, que foi a melhor equipe que eu poderia sonhar ter. E também, para toda equipe e todos os torcedores do time francês. Estou profundamente arrependido.”


Novos projetos incluem o aumento da participação, a abertura do Campeonato Mundial para novos países, e a ênfase do Campeonato Mundial como a principal vitrine da orientação, posicionando-o para a cobertura da televisão de alta qualidade. A intenção é aumentar a atração do Campeonato Mundial para atletas, mídia e espectadores.

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1 de jun. de 2011

2a Etapa do CAMBOR

2a Etapa do CAMBOR - Santana do Livramento - RS

25 de mai. de 2011

Manual do Jovem Orientista - Dica nr 7


Dica no 7: Pratique orientação sempre de maneira amigável.


O lema do CISM, Conselho Internacional do Desporto Militar, é: “Amizade Através do Esporte”. Esta é uma realidade na orientação e diversos outros esportes. Uma das recomendações mais importantes na orientação é o “fair play” (sem tradução literal para o português), que significa praticar o esporte respeitando os concorrentes, sem querer tirar vantagem por atos ilícitos, mesmo quando não tem ninguém vigiando, e vai muito além disso. É comum em eventos com várias categorias vermos iniciantes com dificuldades; quando solicitado, é comum ajudarmos mostrando no mapa onde se está, quando o novato está em dúvida. Apesar de ser proibido nas regras a ajuda técnica, deixar um iniciante perdido pode desmotivá-lo a continuar no esporte. Mas quem nunca ajudou algum novato perdido e acha que isto não é fair play, que atire a primeira pedra. Durante um treinamento podemos e devemos auxiliar os novatos, pois um dia fomos como eles. Isto é diferente da questão de ajuda técnica, que ocorre quando queremos favorecer um colega de equipe, dando dica de onde está o ponto de controle que já encontramos e ele não; em competição isto não é permitido, nem é correto.

Mesmo dentro de uma competição, quando encontramos adversários na rota, o clima de cordialidade continua; não é preciso abrir as cercas para o colega passar, mas evitamos ficar atrapalhando para marcar o ponto de controle quando chegamos juntos a ele. O novato geralmente deixa o atleta experiente marcar primeiro, pois este tem preocupação maior com o tempo do percurso, onde a perda de alguns segundos pode fazer diferença.

Outro exemplo marcante ocorreu prova de revezamento do Campeonato Mundial de Orientação de 2009 na Hungria. Já na última perna, Thierry Gueorgiou da França, Anders Nordberg da Noruega e Martin Johansson da Suécia estavam correndo juntos, disputando a liderança da prova, quando o sueco teve um ferimento grave: cravou um pedaço de madeira de12cm na sua perna. Seus concorrentes pararam para ajudá-lo. Thierry ficou com Martin pressionando sua camisa sobre o ferimento para estancar o sangramento, enquanto Norberg correu para a área de chegada para buscar ajuda. Michal Smola, da República Tcheca, foi o próximo atleta a passar pelo local e também parou para ajudar. A organização mandou ajuda e Martin Johansson foi levado para o hospital.
Depois do incidente, os três esportistas completaram o percurso e chegaram nas 25ª a 27ª posições. O Presidente da IOF, Åke Jacobson, expressou a gratidão aos três esportistas antes da cerimônia de premiação daquele dia: “O que vocês fizeram hoje é um grande exemplo de extrema esportividade e fair play. Vocês são uma inspiração para todos nós!”. Thierry, que ganhou o ouro no percurso médio e prata no percurso longo daquele campeonato, mesmo disputando mais uma medalha de ouro, não titubeou em parar para ajudar. Estes são os valores do verdadeiro campeão.

7 de mai. de 2011

Veja no ORIENTOVAR...

TIOMILA 2011: VITÓRIAS FINLANDESAS NO REINO DA SUÉCIA




Evento incontornável do Calendário internacional de Orientação Pedestre, a Tiomila fez, de novo, recair sobre si as atenções da Orientação mundial nestes finais de Abril e início de Maio. Em Botkyrka, não muito longe de Estocolmo (Suécia), os grandes vencedores foram as turmas finlandesas do Kalevan Rasti, na competição masculina e do Tampereen Pyrintö, no sector feminino.

4 de mai. de 2011

Manual do Jovem Orientista - Dica nr 6

Dica no 6: Faça parte de um clube de orientação.

O clube é a entidade fundamental da orientação. Podemos aprender orientação numa escola, mas o clube é o local onde a prática do esporte é mais facilitada. O modelo básico de clube é uma sede qualquer que pode reunir os orientistas de determinado local com o objetivo comum de participarem de eventos de orientação, criando oportunidades para que os iniciantes aprendam o esporte e que os experientes façam treinamentos para desenvolver mais suas habilidades. Além de proporcionar oportunidades de aprendizado e treinamento, o clube é o vínculo com a federação estadual e com a Confederação Brasileira para competições regionais e nacionais. Para segurança dos atletas e correto entendimento dos princípios e regulamentos do esporte e seus laços com a educação ambiental, a CBO instituiu a instrução mínima, que só um clube de orientação consegue efetivamente ministrar e atualizar.

O clube deve ter o material básico para a preparação de treinamentos e até para sediar seus próprios eventos de orientação. É necessário investimento para formação de um bom clube, mas pelo bem comum é um investimento que ajuda a todos que participam. O clube de orientação pode ser um setor de um clube maior, mas sempre tem as mesmas características, sendo a principal delas proporcionar a prática regular do esporte a seus membros.

A confraternização entre os membros também é um fator importante, não só na realização de treinamentos, ou viagens para competições de orientação, mas também com eventos sociais que promovam o entrosamento entre as pessoas. É comum na orientação um treinamento que termina num churrasco simples e possibilita momentos de descontração, ampliando os laços de amizade.

Também é importante termos companheiros para o treinamento físico. A disputa entre os atletas do mesmo clube é um fator estimulante nos treinamentos. O treinamento de corrida sempre é mais forte quando feito em grupo, pois os que correm menos tentam acompanhar os que correm mais. Os que correm mais também são beneficiados, pois apesar de correr com mais facilidade, fazem um treinamento melhor do que quando estão sozinhos. Eu sempre corria em ritmo mais forte, com mais facilidade, quando tinha pelo menos mais um companheiro para correr junto, para ambos o fator psicológico era positivo. Esta é outra opção que se pode encontrar num clube ou outro grupo semelhante do qual o orientista participe para realizar seu treinamento.