11 de set. de 2021

Manual do Jovem Orientista - Dica nr 55

 Dica nº 55: Sistema de Treinamento. 

Primeiramente, defina os objetivos do treinamento. Geralmente o treinamento para o ano seguinte começa um dia após a competição principal. Precisamos estabelecer metas, competições principais para as quais nos preparamos e organizamos toda a programação do treinamento em função destas. As demais competições serão consideradas secundárias, não interferindo no planejamento geral, tendo influência apenas no planejamento semanal específico de determinada fase. 

Tenha um planejamento organizado: para a temporada, com a variação mensal, seguida da sequência semanal, com cada trabalho diário. E siga os princípios do treinamento esportivo.

Começamos com o princípio da adaptação, onde o treinador deverá adequar o trabalho físico de maneira que a carga esteja dentro de uma faixa que provoque o efeito de adaptação. Se o estímulo for de baixa intensidade, não haverá alteração fisiológica significante. Estímulos de média e alta intensidade exigem a adaptação do nosso organismo a um esforço acima do comum. Dentro deste princípio está colocado um intervalo de tempo necessário para se processar a restauração plena do glicogênio muscular após uma depleção intensa, ou seja, o tempo de recuperação após o esforço. Pode-se dizer então, que para haver um efeito de adaptação no organismo deve-se aplicar um estímulo de intensidade diferente entre os esforços, com um tempo de recuperação entre eles.

Após o treino, o corpo entra numa fase de regeneração até atingir de novo a homeostase e a duração dessa fase varia consoante a intensidade do treino. Quanto maior a qualidade da recuperação, conseguida pela boa alimentação e descanso, o nível de supercompensação vai sendo cada vez mais superior à linha do equilíbrio. Se for ativado um novo estímulo (ao iniciar um novo treino) quando estamos no topo da curvatura da supercompensação, conseguimos um crescimento muscular eficaz. Portanto, se não tivermos uma rotina alimentar adequada ou um bom descanso, a supercompensação não terá o efeito desejado. Este processo é chamado de síndrome da adaptação geral.

Ligado ao anterior está o princípio da sobrecarga, que é a aplicação coerente da carga de treinamento de modo que haja uma progressão controlada e metódica. Normalmente aumenta-se primeiro a duração e depois a intensidade, embora possa ser diferente em função dos objetivos e do tempo que se tem para treinar o atleta. O organismo, após recuperar-se de um estímulo, atinge um nível superior àquele que tinha antes do estímulo. Essa característica importante é o fundamento do princípio da sobrecarga. A recuperação se dará por meio do metabolismo da nutrição. O tempo exigido para tanto é variável e dependerá da individualidade biológica e da alimentação balanceada. Com a repetição sistemática dos processos de recuperação, as adaptações tornam-se mais duradouras. 

Outro ponto importante a ser observado na aplicação do princípio da sobrecarga é o momento ideal de aplicação da nova carga, ou da variação da carga durante a semana de treino. Tudo deve vir especificado no plano de treinamento e adaptado ao desenvolvimento individual. Foi verificado que a aplicação de cargas crescentes conduz a uma melhora na condição física do indivíduo. Assim, só poderão ser atingidos resultados elevados e mais duradouros se houver uma continuidade nesse trabalho. Essa continuidade é expressa no relacionamento entre uma sessão e outra (microciclo), entre a fase de preparação geral e a específica (mesociclo) e entre temporadas (macrociclo). 

Geralmente no início de uma temporada planejamos uma fase básica com ênfase em seções de treinamento com maior volume e menor intensidade, o chamado treinamento aeróbico, onde o metabolismo aeróbio é utilizado durante toda a seção de treinamento contínuo, predominantemente. Também podem ser incluídos os chamados trabalhos de força, como os treinamentos em subida e treinamentos de saltos, entre os treinamentos intervalados. A relação volume e intensidade vai mudando na fase mais específica do treinamento, onde a intensidade vai aumentando progressivamente. No treinamento intervalado é enfatizado o treinamento anaeróbico, onde é exigido o uso do metabolismo anaeróbio de maneira controlada, variando as distâncias e intervalos de acordo com os objetivos a serem atingidos, e também para que as seções diárias não sejam muito monótonas.

Dentro dos microciclos é comum alternar entre seções contínuas e intervaladas. Como as seções intervaladas são mais exigentes e mais cansativas, no dia seguinte geralmente entra apenas corrida contínua, de baixa intensidade e maior volume, para permitir a recuperação muscular no intervalo mínimo de 48 horas entre uma seção intervalada e outra com grande intensidade. Para o treinamento de orientação, na fase específica e pré-competição procuramos dar prioridade ao treinamento em floresta, incluindo o treinamento intervalado na floresta. 

Nos microciclos que antecedem competições importantes geralmente diminuímos o volume de treinamento, mantendo a intensidade aplicada na semana anterior. Apenas próximo à competição alvo é que reduzimos também a intensidade nos dias próximos, para termos uma recuperação adequada e estarmos prontos para um esforço máximo.

O princípio da continuidade também é fundamental. Nenhum ser humano é capaz de treinar continuamente por mais de algumas horas, por esta razão uma interrupção controlada no treinamento é benéfica e até necessária para o sucesso. Entretanto, considera-se que após 48 horas do último treinamento o organismo já sofre uma queda no seu condicionamento. Se o nosso objetivo for o desporto de alto nível esta queda poderá significar a derrota; um trabalho de alto nível considera no mínimo 5 sessões de treinamento semanal, para que a interrupção não afete o desenvolvimento do atleta.

As modificações fisiológicas do treinamento são específicas do grupo muscular, sistema energético e gestos desportivos treinados. Este é o princípio da especificidade. Até mesmo o treinamento chamado de cardiopulmonar, provoca melhoras especificamente para o grupos musculares que foram treinados. Assim, o treinamento de natação de longa distância pouco melhorará o rendimento na corrida longa. O treinamento de força irá afetar apenas os músculos envolvidos no exercício. As melhoras na flexibilidade ocorrem apenas nas articulações mobilizadas com frequência. O treinamento aeróbico provoca modificações na função cardíaca e no volume sanguíneo, mas como o desempenho físico depende também da musculatura estimulada. Com estas constatações verifica-se hoje uma adaptação dos diversos métodos de treinamento ao desporto considerado. A variação de treinamentos contínuos e intervalados também é aplicada de acordo com a especificidade do esporte, variando em local de aplicação e em intensidade de acordo com a competição alvo.

Este é só um resumo dos princípios aplicados. Devemos dispor do acompanhamento de profissionais do esporte para planejar e executar o treinamento corretamente, adaptando quando necessário, de acordo com nosso progresso. Além disso, o trabalho deve ser ajustado à nossa disponibilidade de tempo para treinamento e tempo para recuperação, dois fatores muito importantes para o sucesso do planejamento. 

Cumpra sempre o treinamento planejado, ou pelo menos parte dele. O princípio da continuidade é tão importante quanto os demais para que tenhamos sucesso em nosso trabalho físico. Na sequência de treinamento visando bons resultados, não devemos ficar mais de três dias consecutivos sem treinar. Na execução, o aumento no valor do treinamento (duração, intensidade) numa seção diária nunca deve ser maior que 10% da média, mesmo quando estamos sentindo facilidade naquele treinamento. É comum nos empolgarmos, quando sentimos facilidade e fazermos esforço muito superior ao programado, daí podem ocorrer lesões por esforço demasiado forte. Mesmo não ocorrendo lesões, os treinamentos seguintes podem ser prejudicados, pois teremos maior dificuldade na recuperação.

Cabe lembrar que a seguir entra o princípio da recuperação – o descanso também faz parte do treinamento. Para que ocorra uma boa adaptação ao esforço é necessário que o intervalo entre as seções de treinamento seja adequado ao tempo de descanso e recuperação do organismo. Neste princípio está incluída a corrida de volta à calma, um bom alongamento após o treinamento, uma boa hidratação, o descanso extra, além do descanso noturno, e a dieta apropriada ao esforço desprendido, ou seja, uma dieta hipercalórica, mas balanceada em termos de qualidade proteica e com sais minerais. 

Os atletas de tempo integral têm condições de executar treinamentos mais fortes justamente pelo fato de ter mais tempo disponível para a recuperação. Podem até fazer dois treinamentos num mesmo dia, sempre seguindo uma programação adequada para cada fase de treinamento.

8 de set. de 2021

Manual do Jovem Orientista - Dica nr 54

 Dica nº 54: Sistema de Concentração. 

O Sistema de Concentração é uma prática constante desde a área de partida, quando focamos nosso raciocínio nas tarefas relativas ao percurso. Mas podemos perder um pouco a concentração durante o percurso, principalmente quando avistamos outros competidores. É muito comum em etapas do campeonato estadual ou nacional encontrarmos competidores de outras categorias próximos a nossos pontos de controle. Nesses momentos é importante mantermos a concentração em nossa navegação, pois pode haver pontos de outras categorias nas proximidades. Primeiro admita que parou de concentrar-se. Recupere o raciocínio, volte a focar o raciocínio em realizar o que está planejado em sua mente. Pense em uma dica: ‘mapa’, ‘sistema’ ou ‘objeto’. Execute um sistema de orientação, aquele que for mais necessário na posição em que houve a distração. Fique sempre atento para não perder a concentração ao encontrar outro competidor, se ele estiver na mesma rota, apenas observe o que está fazendo, continue executando o que planejou. Se o outro competidor seguir em outra direção, simplesmente ignore, ele pode ser de outra categoria ou tomou uma decisão errada. 


Mantenha a concentração principalmente ao final do percurso. Após o Campeonato Mundial na Suécia em 1991, fui assistir a uma competição nacional de ultra-longa distância, com partida em massa e troca de mapas, onde a última perna é comum. Ao final, o campeão Joakim Ingelsson chegou com certa folga. Um minuto depois, o locutor viu três atletas nas proximidades do último ponto e narrou o que estava acontecendo, Jörgen Martensson (campeão mundial da IOF naquele ano) estava à frente, mas eles erraram justamente por causa de desconcentração. A empolgação ao ouvir os alto-falantes do evento muitas vezes atrapalha a concentração. Johan Ivarsson, que naquela época treinava com Göran Ölund, não errou e passou os três no último ponto, terminando no tão disputado segundo lugar. 

Outra situação interessante aconteceu num treinamento da equipe da FAB e dos cadetes da AFA, numa área próxima a Curitiba. O técnico da CDA era Anderson Hoffmann, eu estava como técnico da equipe da AFA, mas ainda treinava e competia pela equipe da CDA, fazendo o percurso normal, enquanto os cadetes faziam um percurso um pouco menor. O Hoffmann havia colocado alguns prismas no dia anterior, e logo ao chegarmos à área de concentração, que também era o local de chegada, vimos um prisma pendurado em uma árvore próxima, a cerca de 100m do canto da floresta onde paramos. Após colocar os prismas que faltavam, o Hoffmann montou a ordem de partida, para que todos se preparassem,  a ordem de partida foi de acordo com o resultado do treinamento anterior: o Fioravanti foi o primeiro, eu segundo, o Silvio de Abreu terceiro, e assim por diante, com intervalo de 5 min; depois de partirmos ele tirou aquele prisma que vimos e colocou no local correto: em outra árvore que ficava 200m a oeste de onde estávamos, na mesma curva de nível

O percurso transcorreu normalmente, com o Fioravanti terminando cerca de 2min mais rápido que eu. Após chegarmos, podíamos ver os demais passando pelos três últimos pontos. O Sílvio apareceu com certa folga para bater o meu tempo, ao subir para o penúltimo ponto, mas na descida para o último ponto ele pegou uma direção mais à esquerda do previsto. Comentamos entre nós: “Será que ele vai direto para a árvore errada?” Foi exatamente o que fez: foi na direção da árvore onde havia um prisma antes da partida. Foi tão rápido que até escorregou e caiu sentado no chão ao chegar à árvore. Ficou atordoado ao não encontrar prisma algum, olhando a vegetação em volta, e olhando para nós, que já estávamos rolando de rir, mas logo voltou a analisar o mapa. Quando percebeu o erro, foi até a árvore correta, que ficava a 100m dali, e finalmente veio para a chegada, sem conseguir bater meu tempo. Depois de chegar ele contou que havia me visto a certa distância próxima e realmente estava tentando bater meu tempo, perdendo um pouco a concentração no mapa. Em treinamento, situações como esta rendem muitas gargalhadas, mas numa competição importante é muito frustrante para quem erra por falta de concentração. 

Manual do Jovem Orientista - Dica nr 53

 Dica nº 53: Sistema de Relocalização. 

Quando perder o contato com o mapa, principalmente em uma rota longa, pare e admita que você está “perdido”. Oriente o mapa com a bússola. Olhe 360° procurando por acidentes distintos.


Em alguns locais é possível termos passado por acidentes semelhantes ao que esperávamos encontrar, mas nesta hora é importante dar atenção especial aos detalhes do mapa, geralmente olhando um pouco antes do local onde esperávamos estar. Tente relocalizar-se observando os acidentes próximos (gaste no máximo 30 segundos). Siga para a referência mais próxima caso identifique onde errou e onde realmente está, ou volte até a última referência conhecida caso esteja em dúvida. Relembre a última posição conhecida utilizando o processo de eliminação (gaste no máximo mais 30 segundos). Quando fazemos a leitura retrospectiva do mapa, podemos lembrar da última referência e, se estamos avaliando a distância, podemos buscar os elementos distintos próximos da distância que percorremos. Ao encontrar um desses elementos distintos, algo do terreno, da vegetação, ou de trilha, tiramos a nova direção para um ponto de ataque ou para o ponto de controle. 

Muitas vezes é preferível voltar um pouco, em vez de perder tempo procurando aleatoriamente por uma boa referência, pois dependendo da área pode ser difícil encontrar. Geralmente uma boa referência ao lado ou atrás fica a cerca de 1 minuto e a perda de tempo pode ser muito maior quando ficamos procurando aleatoriamente. 

No último percurso dos 5 Dias de Orientação da Suécia em 1990, depois de pegar o ponto 11, o ponto 12 ficava a 200m, tirei um azimute rápido na bússola de dedo, mas saí à esquerda do ponto. Encontrei um prisma e notei logo que não era do meu percurso, fiquei então girando em círculos, tentando achar o prisma correto, que não devia estar longe daquele. Depois de muito tempo correndo em círculos, resolvi voltar para o ponto anterior; chegando lá, olhei para o relógio: haviam se passado mais de 30 minutos, apenas naquele erro.  

Tirei o azimute novamente, fui caminhando na direção certa e bati em cima do prisma correto! Se tivesse voltado logo ao ponto anterior, ao reconhecer o erro, teria perdido muito menos tempo. Lembre-se que sempre é melhor voltar até a última referência conhecida e continuar com mais atenção. 

6 de set. de 2021

Manual do Jovem Orientista - Dica nr 52

 Dica nº 52: Sistema de Picotar.

Para fazer a abordagem do ponto existem duas variações de sistema: clássico e otimizado. No sistema clássico fazemos uma abordagem lógica: do ponto de ataque observamos a descrição e código do ponto de controle, observando a característica do ponto e posição do prisma. Ali geralmente utilizamos a orientação precisa, observando a direção com a bússola e contando passos ou navegando com atenção ao mapa. Ao avistar o prisma checamos o código, picotamos e a seguir preparamos o mapa ao sair na direção do próximo ponto. 

No sistema otimizado raciocinamos um pouco além do ponto de controle: do ponto de ataque verificamos a descrição e código do ponto de controle, observando a característica do ponto e posição do prisma, e observando ainda qual será a rota de saída para o ponto seguinte, ou seja, vendo um pouco além do ponto. É necessário pensar o que vai fazer adiante na rota para o ponto seguinte, ou pelo menos a direção geral para sair após picotar o ponto, e ao sair analisar a rota completa. Executamos a orientação precisa e preparamos o mapa para sair do ponto ao avistar o objeto do ponto de controle ou o prisma. Aí então picotamos, checamos o código e seguimos adiante na direção do próximo ponto com o mapa ajustado. 

Quando utilizamos um relógio com memória, incluímos em ambas as sequências a marcação do tempo preferencialmente ao sairmos do ponto de controle; a marcação do ponto de controle com o picote ou com o sistema eletrônico geralmente vem primeiro. Ambos os sistemas devem ser testados em treinamento, para vermos a qual nos adaptamos melhor. Também devem ser repetidos sempre de maneira semelhante, para serem automatizados com o uso constante, evitando possíveis erros.

A opção pelo sistema clássico ou otimizado vai depender de como treinamos, se sempre olhamos para a rota de saída antes de picotar, usamos o sistema otimizado e não perdemos tempo na saída do ponto; é somente uma questão de treinar para fazer sempre da mesma maneira.


É importante verificar se picotou corretamente. Um competidor com um picote faltando ou não identificável não deve ser classificado, a menos que possa ser provado com certeza que a falta do picote ou da identificação do picote não seja culpa do competidor. Neste caso excepcional, outra evidência pode ser utilizada para comprovar que o competidor esteve no controle, tais como fiscais de percurso, árbitros auxiliares, oficiais da organização, câmeras ou leitura externa da base do controle. Em todas as demais situações, tais evidências não são aceitáveis e o competidor deve ser desclassificado. No caso do sistema SportIdent, esta regra significa que se uma base que não estiver funcionando, ou que aparente não estar funcionando, o competidor deve usar o sistema substituto disponível, que tanto pode ser um picotador mecânico ou uma segunda base eletrônica, e será desclassificado se nenhum picote estiver registrado. Se o competidor picotar tão rápido que possibilite ocorrer falha na recepção do sinal de retorno, o cartão não conterá o picote e o competidor deve ser desclassificado, até mesmo se a base do controle tiver gravado o número do cartão eletrônico do competidor, pois somente poderá ser verificada após ser recolhida.

Ao sair do ponto de controle é importante olharmos o mapa com atenção. Um erro comum que pode ocorrer é o de posicionarmos a bússola um ponto adiante do que estamos. Este erro é mais comum em área “branca”, onde demoramos mais para identificar as diferenças do mapa com o terreno. No percurso médio do Campeonato Mundial na Holanda, após marcar o ponto 5, eu posicionei a bússola do ponto 6 para o 7. Foi a primeira vez que isto aconteceu comigo, já com 20 anos de prática. A diferença de azimute não era muito grande, cerca de 30 graus, mas quando cheguei na distância prevista, os detalhes do mapa não estavam batendo, então percebi o erro: eu tinha que ir para o ponto 6 e o mapa estava dobrado para o ponto 7. Para corrigir o erro, posicionei a bússola na direção real que tinha seguido, medi a distância que tinha percorrido, marquei a nova direção com a bússola e dali mesmo fui para o ponto correto, após identificar um novo ponto de ataque, mas perdi cerca de um minuto com este erro. Por isso, além de executarmos o sistema de picotar corretamente, temos que redobrar a atenção ao mapa na saída do ponto de controle.

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Manual do Jovem Orientista - Dica nr 51

 Dica nº 51: Sistema de Escolha de Rota. 

É fundamental sempre fazermos boas escolhas de rota. A prática de uma sistemática para isso é importante para chegarmos a boas escolhas. Nesta sistemática, costumamos raciocinar do final da rota para o começo, ou seja, primeiro verificamos a característica do ponto de controle. Em seguida vemos as opções de ponto de ataque e definimos qual melhor ponto de ataque. Daí vemos todas as rotas para o ponto de ataque. Escolhemos uma rota, a que nos parecer mais favorável. Muitas vezes não há diferenças significativas entres algumas variações em área branca, a escolha de rota geralmente depende da escolha pessoal, sendo mais determinante a execução correta e com rapidez. 


Os bons traçadores de percurso geralmente posicionam os pontos com mais de uma opção de ponto de ataque. A escolha do ponto de ataque mais adequado depende da característica individual, principalmente da confiança em aplicar determinadas técnicas. O uso de ponto de ataque é obrigatório, mesmo que seja o próprio ponto de controle anterior, quando os pontos são próximos. Em rotas curtas geralmente a escolha é uma linha reta até o ponto de ataque, sendo importante eleger um ponto de ataque bem distinto.

Um bom corredor às vezes prefere uma rota um pouco mais longa, mas que permita correr com velocidade média mais rápida. 

Em percursos mais longos é comum escolhermos rotas que demandem menos cuidado com a navegação, não apenas pela facilidade de corrida, mas também devido ao cansaço mental comum na parte final do percurso. É melhor seguir uma rota fácil e segura, em vez de arriscar a possibilidade de erro em área com muitos acidentes do relevo, devido ao cansaço mental. Em áreas com bastante detalhe de relevo, a escolha de navegação mais segura até o ponto de ataque é aquela utilizando objetos mais característicos do terreno. 

Temos que levar em conta a quantidade de subidas no percurso. Observamos pelo cartão de descrição, logo na partida, o cálculo do desnível para o percurso. Ali mostra qual a quantidade de subida total (desnível), que é dada como a subida em metros ao longo da rota provável mais curta. O termo usado nas regras da IOF literalmente é subida total, desnível foi o termo usado tradicionalmente pelos militares nos campeonatos militares e que posteriormente foi adotado pelas federações e pela CBO. Inicialmente os militares contavam as curvas de nível que subiam ao longo da linha vermelha, mas isso mudou com as últimas versões das Regras da IOF. A regra da IOF quer dizer que precisamos analisar as rotas, ver a rota provável mais curta para cada ponto e contar as curvas de nível que sobem, para ver o quanto vai subir pela melhor rota de cada percurso. Sabemos que o traçador de percursos deve ter como objetivo que os percursos que não sejam muito exigentes fisicamente, mas esse princípio nem sempre é obedecido. 

Os percursos devem ser traçados de modo que normalmente os competidores possam executar a maior parte do percurso correndo de acordo com seu nível de habilidade. A subida total de um percurso normalmente não deve exceder 4% do comprimento do percurso pela rota mais provável. O modo de cálculo não está explícito na regra. Esses 4% podem ser considerados pela distância total, mas também pode ser aplicado a cada perna, principalmente se a área não for muito acidentada. Neste cálculo, cada Km não deve ter mais que 40m de subida (isto é bastante subida!). Numa perna com 500m, por exemplo, a subida não deve passar de 20m, 4 curvas de nível na equidistância de 5m. Em áreas com muita elevação, o traçador pode evitar as rotas com muita subida, ou minimizar dando opções de subidas mais suaves, e aí considera-se razoável o somatório das subidas não passar os 4% da distância total do percurso. Ao analisarmos as pernas individualmente, devemos escolher aquela em que poderemos correr na maior parte do tempo, que coincidirá com a melhor opção colocada pelo traçador.

 Depois da escolha basta executar o planejado, conferindo os pontos de referência até chegar ao ponto de ataque para abordar o ponto. Quando há linhas de segurança antes do ponto de ataque, como trilhas e cercas, podemos “soltar” a corrida, isto é, fazer um ritmo mais forte, com certa segurança. Neste último caso, devemos estar preparados para mudar a rota no caso de perder o contato com o mapa ao desviar da direção prevista, mesmo sendo um desvio previsível; são pequenos ajustes na execução da rota. 

Para abordar o ponto, devemos estar preparados para mudar o estado mental, observando com mais atenção os detalhes ao aproximar-se do ponto, reduzindo a velocidade se necessário, até avistar o objeto do ponto de controle ou o prisma.

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