1 de out. de 2024

Manual do Jovem Orientista - Dica nr 62

 Dica no 62: Bons resultados dependem de um bom condicionamento físico e mental.

"A definição de insanidade é continuar fazendo sempre as mesmas coisas e esperar resultados diferentes." Esta citação de Albert Einstein também é válida para o esporte. É necessário bastante esforço e treinamento para conseguirmos resultados positivos, tanto na parte física como técnica. Após traçarmos nossos objetivos, definimos um plano de treinamento progressivo e então o colocamos em prática. Vamos fazer de acordo com nossa disponibilidade, é claro, mas o importante é sairmos para a atividade, e resultados positivos certamente virão. Quanto mais adequado for o treinamento físico, melhor preparados estaremos para uma competição longa ou pesada. Quanto mais oportunidades de treinamento técnico tivermos, mais preparados estaremos para correr em áreas inéditas. Com bastante preparo físico e técnico, estaremos melhor condicionados para as diferentes situações que ocorrerem durante qualquer competição.

Um atleta completo não é só um homem em seu perfeito estado físico, como ser humano ele é um conjunto de corpo e mente. A atual tecnologia nos fez conhecer melhor o funcionamento de nosso corpo e cérebro, proporcionando aos profissionais do esporte e principalmente aos psicólogos, a utilização de imprescindíveis ferramentas mentais, que potencializam o cérebro aumentando as conexões neurais e que direcionam a vontade para conseguir o máximo da performance dos atletas.

A psicologia no esporte visa desenvolver os atletas em todas outras áreas de sua vida: valores pessoais, motivações e percepções. Suzy Fleury, reconhecida psicóloga do esporte, fala que além de contribuir para a performance de atletas, deve-se trabalhar para transformá-los em pessoas mais realizadas e felizes. Mais do que atletas, pessoas melhores. É possível obter resultados bem além do que seria esperado com treinamento convencional, além disso, os percentuais atingidos pelos atletas nas pesquisas científicas, mostram que a diferença entre a prática de modalidades esportivas com bons resultados e o refinamento sofisticado alcançado pelos atletas de alto nível, não estão em simples intensificação de treinos físicos e sim na melhora cortical em comandar os movimentos, está no treinamento mental específico. A melhora do padrão cortical associado à prática mental e à prática física proporciona um atleta com condições concretas de superar suas próprias limitações. Além disso, temos alguns componentes comportamentais que influenciam o desempenho de um atleta, e são responsáveis por sua inteligência emocional no esporte:

Autopercepção – que é a capacidade do atleta conhecer a si próprio em termos de seus comportamentos frente às situações de sua vida, social e profissional, além do relacionamento consigo mesmo. Descobrir suas estratégias comportamentais, e de que forma estas poderão trabalhar a seu favor, ajudando-o a melhorar seu desempenho.

Autocontrole – ou capacidade de gerir as próprias emoções, seu estado de espírito e seu bom humor. Existe uma estreita relação entre estado emocional e fisiologia, ou postura física. É possível, controlar o estado de espírito através de um maior controle consciente da fisiologia de uma pessoa. Assim como um estado emocional deprimido influencia negativamente sua fisiologia, o contrário também é verdade, ou seja, uma fisiologia altiva e exultante, influência positivamente o estado de espírito de uma pessoa.

Automotivação – capacidade de um atleta motivar-se para desempenhar suas funções, independente das circunstâncias do esporte, das competições, de sua vida pessoal e de outros fatores que podem interferir em seu desempenho. É possível para um atleta desenvolver a capacidade de motivar-se para desempenhar melhor suas funções. A motivação está ligada diretamente a fatores internos, daquilo que tiramos de positivo dos estímulos que recebemos.

Modelagem – capacidade de aprender continuamente novas habilidades esportivas, pela observação e treinamento de modelos de comportamentos e competências de outros atletas, adaptando-as a sua realidade física e emocional. Podemos iniciar um processo de treinamento baseado num modelo, analisando todos os aspectos, em termos de seus recursos técnicos, habilidades, comportamentos, estado de espírito, motivação e atitudes em geral. Repetir as etapas anteriores continuamente, até que as novas habilidades sejam incorporadas ao comportamento do atleta.

Práticas sociais – capacidade de relacionamento interpessoal e de trabalho em equipe. O relacionamento interpessoal em todos os setores da vida de um atleta, pode desempenhar um papel fundamental no desempenho deste. Também o relacionamento com os colegas de clube e o técnico, podem ser determinantes para sua performance. Mesmo na orientação, onde a performance é individual, nosso relacionamento interpessoal pode interferir no treinamento e nos resultados das competições. Por isto, é necessário desenvolver a capacidade de relacionamento interpessoal de um atleta, para que sua influência seja sempre positiva.

A performance na orientação depende de qualidades mentais essenciais como autoconfiança, motivação e a habilidade de concentração. Adicionalmente são importantes a tolerância ao stress, controle emocional, foco na atividade e manter uma atitude positiva.

Com o quadro acima, vemos que o treinamento mental é uma variável importante a ser considerada tanto para melhoria da performance atlética, quanto para a aquisição de habilidades motoras, mas que, deve ser como qualquer outro treinamento, planificado e planejado considerando, além das suas peculiaridades próprias para a sua eficiência a individualidade biológica e a especificidade do desporto. É claro que nada disso é possível sem um trabalho multidisciplinar, envolvendo médicos, fisioterapeutas, psicólogos, técnicos e pesquisadores. Essa contribuição só se efetiva com uma competente equipe técnica que conduz o treinamento. No mínimo precisamos buscar os conselhos desses profissionais para nos conhecermos melhor e direcionarmos o trabalho físico e mental para otimizar nosso desempenho. Atualmente contamos com profissionais que têm se especializado em nosso esporte, facilitando este tipo de trabalho conjunto e contribuindo de maneira mais efetiva com nossos atletas. Uma equipe com apoio de profissionais de diversas disciplinas tem mais chances de apoiar com sucesso o treinamento de seus atletas, provendo o suporte técnico necessário.

“Quem quer que esteja fisicamente bem preparado pode fazer coisas incríveis com seu corpo. Mas quem junta a um corpo em forma uma cabeça bem cuidada é capaz de feitos excepcionais.” (Alexander Popov, melhor nadador da Olimpíada de 1996)


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Manual do Jovem Orientista - Dica nr 61

 Dica no 61: A importância da motivação e o compromisso.

Para aqueles atletas de elite que podem fácil e rapidamente responder à pergunta – Por que ser um atleta de elite? – é muito mais fácil estabelecer metas e planejar o seu caminho para alcançar seus objetivos. O conteúdo do treinamento é muito claro para eles. Ser capaz de responder a essa pergunta cria a determinação de um atleta. A visão de estar no topo do pódio libera a energia que é necessário treinar todos os dias, ano após ano, por 15 a 20 anos. A figura abaixo ilustra quanto tempo você precisa para responder a cada pergunta para si mesmo.  

A distância entre as duas áreas simboliza o tempo que cada questão precisa ser considerada. Quanto mais tempo você gasta respondendo à grande questão: Por quê?, mais fácil fica responder às perguntas fáceis mais adiante. Quem pode ajudar e me apoiar? Que tipo de treinamento que devo fazer? Quando deve ser meu treino? Onde devo treinar? Como devo treinar?

É com minha resposta à grande pergunta Por quê? que eu crio a paixão de competir e desenvolvo a vontade de vencer. Paixão, a faísca interna, é o gatilho no processo de alcançar o sucesso. Terry Orlick, psicóloga do esporte do Canadá, indica claramente que paixão e compromisso, juntamente com uma forte autoconfiança são os blocos de construção do sucesso. Por compromisso queremos dizer um forte desejo de alcançar um objetivo – o atleta deve ser determinado e ter uma atitude positiva para o trabalho a ser realizado. O atleta trabalha com o seu coração e tem uma forte motivação interior.

Uma forma de fortalecer e aumentar o seu compromisso é trabalhar com visão e objetivo definidos. Compromisso também está relacionado com o nível e importância de uma competição em particular. Quanto mais desafiador é um objetivo, mais compromisso é necessário. O compromisso é muitas vezes o motivador que faz priorizar treinamentos mais e mais duros, mais longos e com mais frequência.

Uma pessoa comprometida com o esporte é curiosa. Ele ou ela olha para novas formas de abordagem, ouve técnicos e outros competidores, e aborda diversas questões e soluções. Ela lembra as pedras preciosas que os outros têm e cria sua própria abordagem para a tarefa, de forma que atenda à sua própria personalidade. Uma pessoa comprometida com o esporte pensa que uma importante competição é um desafio, onde ela entra com entusiasmo. Uma pessoa comprometida com o esporte ama e gosta de competir, e gosta de testar sua capacidade de performance. Uma pessoa comprometida com o esporte tem força de vontade poderosa, acredita em si mesma, é positiva e sempre toma a iniciativa em suas ações. O desportista comprometido é um vencedor.

Muitos atletas menos bem sucedidos na elite acreditam que os recursos, na forma de patrocinadores, treinadores, instalações de treinamento, equipamentos ou dinheiro são fatores limitantes decisivos. O sucesso não vem por acaso para aqueles que acreditam que sua própria iniciativa vale mais do que os recursos. Atletas de sucesso assumem a responsabilidade por seu próprio desempenho. Quando as coisas não vão tão bem em uma competição, buscam em si mesmos as razões e as coisas que fizeram de errado, não buscam desculpas nos recursos.

Queixar-se dos fatores externos é uma fuga da realidade e criar desculpas não ajuda a impulsionar o atleta. Muito deste raciocínio decorre do fato de que, quando o atleta está realmente em pé na linha de partida, somente ele é que pode influenciar seu desempenho. Trata-se de mim, somente eu, quem pode executar uma boa corrida. Técnicos e dirigentes só podem realmente apoiar e ajudar antes do início e após eu ter chegado do percurso. Durante a corrida é de mim e de meus pensamentos o impulso para meu corpo atingir um ótimo desempenho. É minha responsabilidade, não de qualquer outra pessoa, para chegar ao sucesso.