Dica no 62: Bons resultados dependem de um bom condicionamento físico e mental.
"A definição de insanidade é continuar fazendo sempre as mesmas coisas e esperar resultados diferentes." Esta citação de Albert Einstein também é válida para o esporte. É necessário bastante esforço e treinamento para conseguirmos resultados positivos, tanto na parte física como técnica.
Após traçarmos nossos objetivos, definimos um plano de treinamento progressivo e então o colocamos em prática. Vamos fazer de acordo com nossa disponibilidade, é claro, mas o importante é sairmos para a atividade, e resultados positivos certamente virão. Quanto mais adequado for o treinamento físico, melhor preparados estaremos para uma competição longa ou pesada. Quanto mais oportunidades de treinamento técnico tivermos, mais preparados estaremos para correr em áreas inéditas. Com bastante preparo físico e técnico, estaremos melhor condicionados para as diferentes situações que ocorrerem durante qualquer competição.
Um atleta completo não é só um homem em seu perfeito estado físico, como ser humano ele é um conjunto de corpo e mente. A atual tecnologia nos fez conhecer melhor o funcionamento de nosso corpo e cérebro, proporcionando aos profissionais do esporte e principalmente aos psicólogos, a utilização de imprescindíveis ferramentas mentais, que potencializam o cérebro aumentando as conexões neurais e que direcionam a vontade para conseguir o máximo da performance dos atletas.
A psicologia no esporte visa desenvolver os atletas em todas outras áreas de sua vida: valores pessoais, motivações e percepções. Os primórdios da psicologia do esporte tiveram lugar, no Brasil, por meio dos estudos do Dr. Olavo Guimarães Feijó, que conheci pessoalmente em palestras ministradas no Rio de Janeiro. Segundo Feijó, “corpo e mente devem ser analisados como fenômenos perceptivos, isto é, à luz de nossos valores pessoais e culturais. Para se entender os valores humanos de um grupo humano é essencial entender os valores humanos do grupo. Mudando-se os valores, mudam as percepções.”
No treinamento esportivo, um dos problemas com a preparação física, segundo ele, é a impaciência dos atletas de alto rendimento com os treinamentos complementares (musculação, corridas, alongamentos, e outras atividades) e a frase “isto vai ser útil para vocês no futuro” não traz motivação suficiente para diminuir a ansiedade e/ou a frustração do momento. Sendo assim, sugere que os treinadores promovam atividades lúdicas, as quais propiciem os ganhos em qualidades físicas desejáveis. Para o atleta de alto rendimento, o exercício de sua liberdade de escolha resulta em especialização esportiva – a busca dos mais altos níveis de desempenho esportivo, que reúne aspectos técnicotáticos e estado psicológico. A energia mental também reflete seu estado emocional e quanto está interessado em alguma coisa. Quando o atleta está focado e concentrado em uma atividade que atrai seu interesse, ele se sente energizado e em um estado chamado de “fluxo”, o que não ocorre quando o seu interesse é menor.
Quanto à expressão dinâmica do corpo, Feijó apresenta como necessidades universais do indivíduo a autoexpressão, a autorrealização e a afetividade.
A autoexpressão é a necessidade do corpo extrapolar seus próprios limites, da personalidade comunicar coisas que lhe são próprias.
A autorrealização refere-se à questão da autoeficácia: o quanto a pessoa atinge seus objetivos.
A afetividade, surge da necessidade social do ser humano: “precisamos uns dos outros”. O espírito de equipe é desenvolvido a partir da noção de que a pessoa se identifica e considera importante o grupo em que está inserida.
Nesse contexto, há várias dimensões que compõem a afetividade: amor, respeito, aceitação, apoio, reconhecimento, gratidão e interesse. Quando a necessidade de afetividade “é satisfeita, o comportamento faz mais sentido e fica mais funcional”. Ele destaca a importância dos objetivos individuais como fonte primária do movimento humano. Para que se chegue à capacidade de autodecisão, é preciso que se alcance antes a autoconsciência que se refere ao autoconceito e à autoimagem que o indivíduo tem.
Quando se acredita no exercício físico que se pratica, ele é realizado com alegria, comprou prontidão motora, com participação total dos nervos e das glândulas, mobilizando o bem-estar da mente para a forma ideal da funcionalidade do corpo. Por outro lado, é a esperança o sentimento que produz a expectativa do futuro, para a mente e para o corpo.
Com o quadro acima, vemos que o treinamento mental é uma variável importante a ser considerada tanto para melhoria da performance atlética, quanto para a aquisição de habilidades motoras, mas que, deve ser como qualquer outro treinamento, planificado e planejado considerando, além das suas peculiaridades próprias para a sua eficiência a individualidade biológica e a especificidade do desporto. É claro que nada disso é possível sem um trabalho multidisciplinar, envolvendo médicos, fisioterapeutas, psicólogos, técnicos e pesquisadores. Essa contribuição só se efetiva com uma competente equipe técnica que conduz o treinamento. No mínimo precisamos buscar os conselhos desses profissionais para nos conhecermos melhor e direcionarmos o trabalho físico e mental para otimizar nosso desempenho. Atualmente contamos com profissionais que têm se especializado em nosso esporte, facilitando este tipo de trabalho conjunto e contribuindo de maneira mais efetiva com nossos atletas. Uma equipe com apoio de profissionais de diversas disciplinas tem mais chances de apoiar com sucesso o treinamento de seus atletas, provendo o suporte técnico necessário.
“Quem
quer que esteja fisicamente bem preparado pode fazer coisas incríveis com seu
corpo. Mas quem junta a um corpo em forma uma cabeça bem cuidada é capaz de
feitos excepcionais.” (Alexander Popov, melhor nadador da Olimpíada de 1996)
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