Dica no 9: A natureza é nosso campo de jogo, respeite-a.
É um privilégio muito grande ter a natureza como local de prática esportiva, pois podemos conhecer lugares belíssimos no mundo todo. Este contato com a natureza nos ensina que temos que preservar o ambiente natural, e também respeitar alguns perigos que certos locais apresentam. Aprendemos a respeitar os animais em seu ambiente natural, procurando não invadir o espaço deles, respeitando aqueles que encontramos nas áreas de prática da orientação. Quanto a deixar lixo na natureza, nem precisaria falar: sempre procuramos deixar o local da maneira que o encontramos ou mais limpo. O aprendizado ecológico está sempre presente na orientação, temos o privilégio do contato com a natureza, mas temos responsabilidades também.
Não é raro termos a oportunidade de reclamar quando vemos áreas naturais sendo degradadas ou exploradas irregularmente. Torna-se um dever reclamar não apenas pela possibilidade de perdemos um local de prática de esporte, mas pela própria consciência de preservação ecológica que aprendemos. Um dia saí de casa para mapear e ao chegar na área encontrei uma máquina escavadeira limpando uma área onde haviam cortado eucaliptos fazia pouco tempo. Estavam tirando os tocos de árvore que ficaram e tudo indicava que iriam limpar uma parte que era de plantação de eucaliptos para substituir por plantação de cana. Como se tratava de uma área do governo que era arrendada para empresas privadas cultivarem cana e soja, fui procurar o administrador para saber sobre as intenções com relação às modificações que estavam sendo implementadas. Eu expliquei qual era o trabalho que eu fazia, e que aquela área também era usada para o treinamento dos cadetes, o principal motivo pelo qual toda aquela área de fazenda tinha sido desapropriada pelo governo. Ele chamou o agrônomo responsável pelo manejo da área, que confirmou o planejamento de erradicação de várias áreas de plantio de eucalipto em substituição por plantio de cana de açúcar. O administrador disse que se preocupava até com o replantio de áreas de mata ciliar, que são as matas em volta de cursos d’água, com espécies de árvores nativas da região. A extensão das áreas de plantio não mudou muito depois dessa ocasião, mas não vi nenhum replantio de árvores nos anos seguintes, como o administrador havia prometido, e como seria esperado em compensação pelos lucros obtidos com o arrendamento do terreno do governo.
Cheguei a conversar com o administrador geral da guarnição, e este pediu que que eu fizesse um relatório mais detalhado sobre o assunto. Eu fiz um mapeamento geral da área, que tinha um formato parecido com um triangulo com cerca de oito quilômetros em cada lado. Fiz um levantamento que mapeou todas as áreas destinadas a diferentes finalidades, inclusive as áreas de conservação natural. Um levantamento tão bom como se um engenheiro florestal o tivesse feito. Levou alguns meses para este trabalho e consegui finalizar já no final da gestão, o que não possibilitou respostas imediatas. Pouco tempo depois eu fui transferido e não pude voltar a levantar o problema da limitação das áreas de treinamento por causa da perspectiva de lucros interessantes à administração, mas deixei meu recado e um trabalho básico que posso passar adiante a outros colegas orientistas.
Quando utilizamos áreas particulares para a prática da orientação devemos sempre fazer contato com os proprietários para pedir autorização, e também avisar os moradores quando houver eventos na região. É importante verificarmos com os proprietários as áreas sensíveis em relação à criação de animais, plantações e áreas de preservação ambiental. Os traçadores de percurso devem levar em conta as áreas sensíveis de fauna e flora natural, ajustando as rotas principais onde os orientistas vão passar.
A Confederação Brasileira de Orientação, reconhecendo a importância de manter a preservação da natureza e a prática da orientação, adotou os seguintes princípios:
1. Estar atento da necessidade de preservar o meio ambiente saudável e integrar este princípio na conduta fundamental da orientação.
2. Assegurar que as regras da competição e da organização de eventos estejam bem conscientes do princípio de respeito para com o meio ambiente e para com a proteção da flora e fauna.
3. Cooperar com os proprietários, autoridades governamentais e organizações ambientais de forma a definir a melhor prática.
4. Fazer observar os regulamentos locais para proteção ambiental, manter a natureza livre do lixo produzido na competição de orientação e tomar medidas formais para evitar a poluição.
5. Incluir a Educação Ambiental na iniciação desportiva e treinamento de atletas e funcionários.
6. Exaltar a consciência ecológica e os problemas ambientais mundiais, de forma que as entidades de prática possam adotar princípios para salvaguardar a prática da orientação.
7. As entidades de prática devem preparar diretrizes de Educação Ambiental específica para os próprios locais onde atuam.
8. Nas competições do Esporte Orientação é proibido o uso de sacolas de plástico;
9. A organização deve instalar coletores seletivos de lixo em todas as competições do Esporte Orientação;
10. Adotar a seleção e destinação adequada do lixo como conduta dos atletas em todas as atividades do Esporte Orientação.
11. Nas competições do Esporte Orientação é proibido pintar árvores e pedras;
12. Nas competições do Esporte Orientação é proibido cortar, furar ou pregar árvores para fins fixar, hastear ou instalar implementos relacionados às atividades do esporte.
Os princípios acima devem ser seguidos por todos os orientistas, pois assim garantiremos o uso futuro de nossas melhores áreas para a prática da orientação.
Outro fato curioso ocorreu certa vez quando eu mapeava uma área de um parque municipal na Venezuela. Havia um córrego que era o limite de um lado do parque e tinha um barranco próximo à margem do córrego. Quando estava olhando os detalhes próximos a uma curva do córrego, do alto do barranco eu vi algo se movendo na beira do rio, quando pude ver melhor, vi que era um crocodilo com cerca de dois metros de comprimento! Logo em seguida ele entrou na água e desapareceu. Verifiquei que alguns quilômetros acima havia um zoológico, e provavelmente aquele animal tinha saído de lá quando era pequeno e agora morava por aquele córrego. Eu relatei o ocorrido e avisei ao colega que morava naquela cidade para nunca colocar pontos de controle próximo ao córrego. Quando encontramos áreas assim às vezes é importante escrever avisos no mapa também, ou deixar uma área reservada sem uso, para evitar incidentes perigosos.
Podemos e devemos dar nossa contribuição para a educação ambiental, ensinando aos novatos essas regras básicas, zelando pela limpeza dos locais de concentração nos eventos de orientação e cooperando com a limpeza e a conservação das áreas naturais por onde passamos.
Não é raro termos a oportunidade de reclamar quando vemos áreas naturais sendo degradadas ou exploradas irregularmente. Torna-se um dever reclamar não apenas pela possibilidade de perdemos um local de prática de esporte, mas pela própria consciência de preservação ecológica que aprendemos. Um dia saí de casa para mapear e ao chegar na área encontrei uma máquina escavadeira limpando uma área onde haviam cortado eucaliptos fazia pouco tempo. Estavam tirando os tocos de árvore que ficaram e tudo indicava que iriam limpar uma parte que era de plantação de eucaliptos para substituir por plantação de cana. Como se tratava de uma área do governo que era arrendada para empresas privadas cultivarem cana e soja, fui procurar o administrador para saber sobre as intenções com relação às modificações que estavam sendo implementadas. Eu expliquei qual era o trabalho que eu fazia, e que aquela área também era usada para o treinamento dos cadetes, o principal motivo pelo qual toda aquela área de fazenda tinha sido desapropriada pelo governo. Ele chamou o agrônomo responsável pelo manejo da área, que confirmou o planejamento de erradicação de várias áreas de plantio de eucalipto em substituição por plantio de cana de açúcar. O administrador disse que se preocupava até com o replantio de áreas de mata ciliar, que são as matas em volta de cursos d’água, com espécies de árvores nativas da região. A extensão das áreas de plantio não mudou muito depois dessa ocasião, mas não vi nenhum replantio de árvores nos anos seguintes, como o administrador havia prometido, e como seria esperado em compensação pelos lucros obtidos com o arrendamento do terreno do governo.
Cheguei a conversar com o administrador geral da guarnição, e este pediu que que eu fizesse um relatório mais detalhado sobre o assunto. Eu fiz um mapeamento geral da área, que tinha um formato parecido com um triangulo com cerca de oito quilômetros em cada lado. Fiz um levantamento que mapeou todas as áreas destinadas a diferentes finalidades, inclusive as áreas de conservação natural. Um levantamento tão bom como se um engenheiro florestal o tivesse feito. Levou alguns meses para este trabalho e consegui finalizar já no final da gestão, o que não possibilitou respostas imediatas. Pouco tempo depois eu fui transferido e não pude voltar a levantar o problema da limitação das áreas de treinamento por causa da perspectiva de lucros interessantes à administração, mas deixei meu recado e um trabalho básico que posso passar adiante a outros colegas orientistas.
Quando utilizamos áreas particulares para a prática da orientação devemos sempre fazer contato com os proprietários para pedir autorização, e também avisar os moradores quando houver eventos na região. É importante verificarmos com os proprietários as áreas sensíveis em relação à criação de animais, plantações e áreas de preservação ambiental. Os traçadores de percurso devem levar em conta as áreas sensíveis de fauna e flora natural, ajustando as rotas principais onde os orientistas vão passar.
A Confederação Brasileira de Orientação, reconhecendo a importância de manter a preservação da natureza e a prática da orientação, adotou os seguintes princípios:
1. Estar atento da necessidade de preservar o meio ambiente saudável e integrar este princípio na conduta fundamental da orientação.
2. Assegurar que as regras da competição e da organização de eventos estejam bem conscientes do princípio de respeito para com o meio ambiente e para com a proteção da flora e fauna.
3. Cooperar com os proprietários, autoridades governamentais e organizações ambientais de forma a definir a melhor prática.
4. Fazer observar os regulamentos locais para proteção ambiental, manter a natureza livre do lixo produzido na competição de orientação e tomar medidas formais para evitar a poluição.
5. Incluir a Educação Ambiental na iniciação desportiva e treinamento de atletas e funcionários.
6. Exaltar a consciência ecológica e os problemas ambientais mundiais, de forma que as entidades de prática possam adotar princípios para salvaguardar a prática da orientação.
7. As entidades de prática devem preparar diretrizes de Educação Ambiental específica para os próprios locais onde atuam.
8. Nas competições do Esporte Orientação é proibido o uso de sacolas de plástico;
9. A organização deve instalar coletores seletivos de lixo em todas as competições do Esporte Orientação;
10. Adotar a seleção e destinação adequada do lixo como conduta dos atletas em todas as atividades do Esporte Orientação.
11. Nas competições do Esporte Orientação é proibido pintar árvores e pedras;
12. Nas competições do Esporte Orientação é proibido cortar, furar ou pregar árvores para fins fixar, hastear ou instalar implementos relacionados às atividades do esporte.
Os princípios acima devem ser seguidos por todos os orientistas, pois assim garantiremos o uso futuro de nossas melhores áreas para a prática da orientação.
Outro fato curioso ocorreu certa vez quando eu mapeava uma área de um parque municipal na Venezuela. Havia um córrego que era o limite de um lado do parque e tinha um barranco próximo à margem do córrego. Quando estava olhando os detalhes próximos a uma curva do córrego, do alto do barranco eu vi algo se movendo na beira do rio, quando pude ver melhor, vi que era um crocodilo com cerca de dois metros de comprimento! Logo em seguida ele entrou na água e desapareceu. Verifiquei que alguns quilômetros acima havia um zoológico, e provavelmente aquele animal tinha saído de lá quando era pequeno e agora morava por aquele córrego. Eu relatei o ocorrido e avisei ao colega que morava naquela cidade para nunca colocar pontos de controle próximo ao córrego. Quando encontramos áreas assim às vezes é importante escrever avisos no mapa também, ou deixar uma área reservada sem uso, para evitar incidentes perigosos.
Podemos e devemos dar nossa contribuição para a educação ambiental, ensinando aos novatos essas regras básicas, zelando pela limpeza dos locais de concentração nos eventos de orientação e cooperando com a limpeza e a conservação das áreas naturais por onde passamos.
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