Dica no 10: Aprenda através dos estágios necessários para adquirir novos hábitos ou habilidades.
O aprendizado da orientação passa por estágios diferentes, dependendo do enfoque que utilizamos. Uma boa comparação para o aprendizado está na incorporação de hábitos, através da prática do esporte. Os hábitos passam por quatro estágios antes de serem incorporados a nosso comportamento. Esses estágios são citados no livro “O Monge e o Executivo”, de James C. Hunter, e aplicam-se a qualquer área de conhecimento. Aqui estão adaptados para a orientação:
Estágio 1: Inconsciente e sem habilidade. Este é o estágio de todos que começam em qualquer esporte, onde ainda conhecem pouco a respeito da modalidade e de suas potencialidades pessoais, portanto sem interesse em praticar aquela atividade. Você está inconsciente ou desinteressado em aprender a prática e, obviamente, despreparado. Muitas pessoas, por desconhecimento, não têm noção dos benefícios ou do prazer que a prática esportiva pode trazer. É importante que os organizadores de eventos prestem atenção aos iniciantes, permitindo estímulos positivos para que estes tenham interesse em prosseguir aprendendo orientação.
Estágio 2: Consciente e sem habilidade. Este é o estágio em que você toma consciência de um novo comportamento, mas ainda não desenvolveu a prática. É o estágio onde nos interessamos pela prática da orientação e iniciamos nosso aprendizado. Temos a vontade, mas ainda temos pouco contato com as técnicas básicas ou pouca prática. Nossas primeiras experiências aumentam nosso interesse, mas ainda não dominamos as técnicas para o sucesso completo, cometendo erros grosseiros, às vezes por falta de conhecimento, mas principalmente por falta de atenção ao mapa. Aqui entra o trabalho dos clubes de orientação, ensinando as técnicas básicas em seus treinamentos, além de levar os participantes até as competições.
Estágio 3: Consciente e habilidoso. É o estágio em que você está se tornando cada vez mais experiente e se sente confortável com o novo comportamento ou prática. Após aprendermos todas as técnicas básicas e vivenciarmos uma boa variedade de competições em locais diferentes, passamos a aproveitar bem o aprendizado, com êxito completo, na maioria das vezes. Completamos todos os percursos, fazendo uso das técnicas e cometendo poucos erros, com uma boa concentração durante a navegação; o uso das técnicas passa a ser uma habilidade ou hábito. Neste nível participam aqueles que gostam de competir, participando de categorias mais difíceis conforme o tempo de treinamento.
Estágio 4: Inconsciente e habilidoso. É o estágio mais avançado, quando agimos de maneira natural, sem pensar. Quando a prática é mais constante, não demoramos quase nada para tomar decisão, em qualquer parte do percurso. As ações são automatizadas, sendo quase inconscientes. Somos envolvidos pelo mapa e passeamos por uma área desconhecida como se estivéssemos num local familiar. Corremos na floresta da mesma maneira que corremos na rua. Corremos em terreno irregular com a mesma facilidade que temos em terreno plano, sem nos preocuparmos onde pisamos, visando apenas os pontos de referência que vemos no mapa. É o estágio dos atletas da Elite, e de outros atletas experientes que treinam com mais constância e competem com frequência maior.
Lembro-me quando fui fazer uma arbitragem na EEAr e conheci Cesar Augusto Fioravanti (campeão brasileiro no CAMBOR 2004 e Troféu Brasil de Orientação 2004, sendo eu o vice-campeão dessas duas competições – minha tão esperada “dobradinha” da Força Aérea num pódio), quando ele ganhou uma corrida rústica de 8km entre os alunos. Eu e meu amigo Neir Braga conversamos com ele sobre a possibilidade de experimentar a orientação na cidade de Santa Maria-RS, sua cidade natal e onde iria trabalhar em seguida. Ele estava no primeiro estágio, mas eu via nele um bom potencial para a orientação, pois tinha um perfil diferente dos corredores de rua comuns e gostaria que ele tivesse a oportunidade de experimentar nosso esporte.
Demorou cerca de dois anos para que Fioravanti viesse a uma convocação nossa, devido a problemas diversos. Depois de minha insistência, em 1999 ele foi convocado para participar de uma seletiva para novatos e foi o principal destaque. Por causa de contensão de despesas, não tivemos mais treinamentos naquele ano e ele foi direto ao campeonato sem o treinamento adequado, portanto chegou lá no segundo estágio.
Logo no primeiro percurso do CAMORFA ele foi dos primeiros a partir, e um dos últimos a chegar, já andando; eu que parti entre os últimos passei por ele no final. Apesar disso, ele ficou animado ao assistir aquela competição, vendo o clima do evento, o esforço de todos os participantes. Naquele percurso eu havia perdido tempo num ponto e perto do final ainda pisei num buraco e bati o joelho numa pedra. Depois da chegada fiquei mancando e coloquei gelo sobre o local da pancada para diminuir o hematoma. Fiquei preocupado com a desvantagem de cinco minutos para o vencedor do primeiro percurso, mas no dia seguinte fiz um ótimo percurso, zerei a pista, tirei a diferença e ganhei o segundo percurso e o campeonato. Todos de nossa equipe festejaram muito, como é comum acontecer após bons resultados. Com a participação naquele evento, Fioravanti ficou realmente interessado em praticar orientação e passou a treinar com José Otávio Franco Dornelles, e logo passou a competir no Campeonato Gaúcho e depois no Campeonato Brasileiro.
Dois anos depois ele estava no terceiro estágio, era um orientista consciente e habilidoso, e no CAMORFA de 2001 foi o 7º colocado, conseguindo vaga para o Campeonato Mundial Militar em Portugal. Nos anos seguintes ele passou para o quarto estágio, quando começou a vencer vários percursos com adversários fortes, aparecendo com frequência entre os primeiros, demonstrando que fazer um percurso com poucos erros era algo relativamente comum, a única limitação seria o condicionamento físico e o aparecimento de lesões.
Exemplos semelhantes aconteceram com outros orientistas de destaque, e servem de estímulo para os novatos que ainda estão nos estágios iniciais. O esporte que praticamos deve tornar-se um hábito para nós, onde sua prática deixa de ter desconfortos e sofrimento, incorporando-se à lista de atividades que desempenhamos com facilidade e prazer. É claro que excelentes performances exigem muito esforço físico, mas o desempenho técnico depende mais da prática constante.
O treinamento constante também favorece a automatização dos movimentos, melhorando a mecânica da corrida e facilitando o deslocamento em terreno acidentado. As técnicas treinadas passam a ser mais facilmente aplicadas pela repetição dos treinamentos. Pelo treinamento contínuo é que atingimos o quarto estágio, realizando os percursos com habilidade e aplicando diversas técnicas de forma quase inconsciente, fazendo navegações complexas com grande facilidade.
Estágio 1: Inconsciente e sem habilidade. Este é o estágio de todos que começam em qualquer esporte, onde ainda conhecem pouco a respeito da modalidade e de suas potencialidades pessoais, portanto sem interesse em praticar aquela atividade. Você está inconsciente ou desinteressado em aprender a prática e, obviamente, despreparado. Muitas pessoas, por desconhecimento, não têm noção dos benefícios ou do prazer que a prática esportiva pode trazer. É importante que os organizadores de eventos prestem atenção aos iniciantes, permitindo estímulos positivos para que estes tenham interesse em prosseguir aprendendo orientação.
Estágio 2: Consciente e sem habilidade. Este é o estágio em que você toma consciência de um novo comportamento, mas ainda não desenvolveu a prática. É o estágio onde nos interessamos pela prática da orientação e iniciamos nosso aprendizado. Temos a vontade, mas ainda temos pouco contato com as técnicas básicas ou pouca prática. Nossas primeiras experiências aumentam nosso interesse, mas ainda não dominamos as técnicas para o sucesso completo, cometendo erros grosseiros, às vezes por falta de conhecimento, mas principalmente por falta de atenção ao mapa. Aqui entra o trabalho dos clubes de orientação, ensinando as técnicas básicas em seus treinamentos, além de levar os participantes até as competições.
Estágio 3: Consciente e habilidoso. É o estágio em que você está se tornando cada vez mais experiente e se sente confortável com o novo comportamento ou prática. Após aprendermos todas as técnicas básicas e vivenciarmos uma boa variedade de competições em locais diferentes, passamos a aproveitar bem o aprendizado, com êxito completo, na maioria das vezes. Completamos todos os percursos, fazendo uso das técnicas e cometendo poucos erros, com uma boa concentração durante a navegação; o uso das técnicas passa a ser uma habilidade ou hábito. Neste nível participam aqueles que gostam de competir, participando de categorias mais difíceis conforme o tempo de treinamento.
Estágio 4: Inconsciente e habilidoso. É o estágio mais avançado, quando agimos de maneira natural, sem pensar. Quando a prática é mais constante, não demoramos quase nada para tomar decisão, em qualquer parte do percurso. As ações são automatizadas, sendo quase inconscientes. Somos envolvidos pelo mapa e passeamos por uma área desconhecida como se estivéssemos num local familiar. Corremos na floresta da mesma maneira que corremos na rua. Corremos em terreno irregular com a mesma facilidade que temos em terreno plano, sem nos preocuparmos onde pisamos, visando apenas os pontos de referência que vemos no mapa. É o estágio dos atletas da Elite, e de outros atletas experientes que treinam com mais constância e competem com frequência maior.
Lembro-me quando fui fazer uma arbitragem na EEAr e conheci Cesar Augusto Fioravanti (campeão brasileiro no CAMBOR 2004 e Troféu Brasil de Orientação 2004, sendo eu o vice-campeão dessas duas competições – minha tão esperada “dobradinha” da Força Aérea num pódio), quando ele ganhou uma corrida rústica de 8km entre os alunos. Eu e meu amigo Neir Braga conversamos com ele sobre a possibilidade de experimentar a orientação na cidade de Santa Maria-RS, sua cidade natal e onde iria trabalhar em seguida. Ele estava no primeiro estágio, mas eu via nele um bom potencial para a orientação, pois tinha um perfil diferente dos corredores de rua comuns e gostaria que ele tivesse a oportunidade de experimentar nosso esporte.
Demorou cerca de dois anos para que Fioravanti viesse a uma convocação nossa, devido a problemas diversos. Depois de minha insistência, em 1999 ele foi convocado para participar de uma seletiva para novatos e foi o principal destaque. Por causa de contensão de despesas, não tivemos mais treinamentos naquele ano e ele foi direto ao campeonato sem o treinamento adequado, portanto chegou lá no segundo estágio.
Logo no primeiro percurso do CAMORFA ele foi dos primeiros a partir, e um dos últimos a chegar, já andando; eu que parti entre os últimos passei por ele no final. Apesar disso, ele ficou animado ao assistir aquela competição, vendo o clima do evento, o esforço de todos os participantes. Naquele percurso eu havia perdido tempo num ponto e perto do final ainda pisei num buraco e bati o joelho numa pedra. Depois da chegada fiquei mancando e coloquei gelo sobre o local da pancada para diminuir o hematoma. Fiquei preocupado com a desvantagem de cinco minutos para o vencedor do primeiro percurso, mas no dia seguinte fiz um ótimo percurso, zerei a pista, tirei a diferença e ganhei o segundo percurso e o campeonato. Todos de nossa equipe festejaram muito, como é comum acontecer após bons resultados. Com a participação naquele evento, Fioravanti ficou realmente interessado em praticar orientação e passou a treinar com José Otávio Franco Dornelles, e logo passou a competir no Campeonato Gaúcho e depois no Campeonato Brasileiro.
Dois anos depois ele estava no terceiro estágio, era um orientista consciente e habilidoso, e no CAMORFA de 2001 foi o 7º colocado, conseguindo vaga para o Campeonato Mundial Militar em Portugal. Nos anos seguintes ele passou para o quarto estágio, quando começou a vencer vários percursos com adversários fortes, aparecendo com frequência entre os primeiros, demonstrando que fazer um percurso com poucos erros era algo relativamente comum, a única limitação seria o condicionamento físico e o aparecimento de lesões.
Exemplos semelhantes aconteceram com outros orientistas de destaque, e servem de estímulo para os novatos que ainda estão nos estágios iniciais. O esporte que praticamos deve tornar-se um hábito para nós, onde sua prática deixa de ter desconfortos e sofrimento, incorporando-se à lista de atividades que desempenhamos com facilidade e prazer. É claro que excelentes performances exigem muito esforço físico, mas o desempenho técnico depende mais da prática constante.
O treinamento constante também favorece a automatização dos movimentos, melhorando a mecânica da corrida e facilitando o deslocamento em terreno acidentado. As técnicas treinadas passam a ser mais facilmente aplicadas pela repetição dos treinamentos. Pelo treinamento contínuo é que atingimos o quarto estágio, realizando os percursos com habilidade e aplicando diversas técnicas de forma quase inconsciente, fazendo navegações complexas com grande facilidade.