3 de abr. de 2011

Manual do Jovem Orientista - Dica nr 3

Dica no 3: Tenha objetivos claros em vista.

Aos 16 anos de idade fui para a Escola de Especialistas de Aeronáutica (EEAr). Logo no início do curso fizeram testes para selecionar os que já praticavam algum esporte, visando a competição interna. Eu tinha o interesse de praticar algum esporte para desenvolver o condicionamento físico, mas inicialmente não fui selecionado para nenhuma modalidade. Eu achava interessante como alguns colegas corriam no gramado em volta da pista de atletismo, e certo dia experimentei fazer algumas voltas atrás de um colega. Quando ele parou, também parei e ficamos conversando. Ele já corria fazia alguns anos, tinha sido selecionado para a equipe de corrida rústica e comentou que eu tinha jeito de corredor de fundo. Dois dias depois, em nosso horário de educação física, chamaram 10 voluntários que gostassem de correr para participar de uma nova modalidade. Eu não sabia o que era, mas como estava interessado em aprender a correr, levantei logo a mão.
 

O grupo foi levado para uma apresentação sobre orientação com Vitorino Calvi, que participava da equipe da Força Aérea desde 1971 e naquele ano era técnico da equipe. Quando ele mostrou o que era a orientação, com algumas fotos dos Campeonatos Brasileiros e dos Campeonatos Mundiais Militares que participou, visualizei que aquele era um esporte no qual eu poderia ir bem se tivesse dedicação. Ele disse que para praticar orientação era necessário correr bem e ser esperto. Pensei comigo: “Eu sou inteligente, só preciso treinar para correr melhor”.


Desde aquele dia coloquei como objetivo pessoal fazer parte da Equipe da Força Aérea e participar do Campeonato Mundial. Não foi por acaso que fui o campeão individual na 1a competição de orientação da EEAr em 1984 – este era meu objetivo inicial. E outros resultados positivos também vieram, fruto de bastante tempo de preparação com objetivos específicos definidos. Além de fazer parte da Equipe da Força Aérea, fui campeão das Forças Armadas três vezes, fui Campeão Sul-Americano duas vezes e cheguei a competir em sete Campeonatos Mundiais Militares de Orientação. A dedicação ao treinamento foi fundamental para atingir esses objetivos.

Ter objetivos claros nos dá mais motivação para encarar um treinamento sério e puxado, impedindo que desanimemos por qualquer motivo. Quando acabava uma competição, eu começava a treinar para a próxima. Quando terminava de fazer um mapa de uma área nova, começava a procurar outro local para mapear, com nova possibilidade de competição e treinamento. Quando termino um trabalho qualquer, fico pensando nas possibilidades de melhoria para o futuro.

Em 2005 eu fui a Recife para dar aula num curso de uma semana para aplicadores de teste de avaliação física da CDA. Em um dos dias sai para correr, saindo da Base Aérea até o morro dos Guararapes, que fica em uma área do Exército onde tem um mirante com uma Bandeira Nacional. Na subida fui surpreendido por uma chuva rápida, que não amenizou o calor, parecia que a chuva era morna. Chegando ao alto, apesar do tempo parcialmente nublado, pude visualizar um lindo horizonte, com praias de Norte a Sul e o Oceano a Leste. No início da corrida não havia nada interessante, apenas casas simples, alguns prédios, ruas com terra e barro, mas ao chegar ao alto pude contemplar uma paisagem completamente diferente. Foi daí que tirei esta frase, que usei em algumas aulas dali em diante: “O horizonte está na altura dos nossos olhos, por isso precisamos subir a um lugar mais alto para ver as lindas paisagens que não podemos ver de baixo, e para ver que podemos ir muito mais além do que está à nossa volta”.

Nossa principal limitação encontra-se nos objetivos que traçamos, não nos meios de que dispomos para alcançá-los. Primeiro definimos onde queremos chegar, depois analisamos como fazer para chegar lá. Nosso horizonte está sempre à altura dos nossos olhos, por isso precisamos subir a um local mais alto para ver mais longe. A bússola sempre aponta para o norte, nós é que escolhemos o destino a seguir.

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