1a PARTE
DICAS PARA ORIENTISTAS NOVATOS
Dica no 1: Pratique esporte por interesse pessoal e habilidade natural.
A primeira grande pergunta ao escolhermos um esporte é: Por quê?
Em nosso caso: Por que ser um orientista?
No ano seguinte eu venci novamente a disputa individual e ganhamos a prova de orientação por equipe colocando 4 atletas entre os 5 primeiros. A turma ganhou as dez modalidades, e no dia do encerramento, após recebermos o troféu geral a turma toda, com mais de 500 alunos, desfilou com o comandante levando aquele troféu à frente, e depois mais um aluno de cada modalidade com seu troféu, eu levando o da orientação. Assim aprendemos a perder e a ganhar no esporte, aprendemos sobre a importância da cooperação e amizade para atingir os objetivos comuns, e valorizamos momentos emocionantes como estes.
Na competição entre as escolas de sargentos de 1985 eu conheci uma lenda do esporte militar na Escola de Sargentos das Armas: o então Cabo Bandeira, que já era campeão brasileiro e mundial de pentatlo militar. Ele venceu várias provas da competição de atletismo e natação, venceu também a corrida de 8km, correndo descalço como seu costume, o Cabo Silva foi segundo e meu colega Jobson foi o terceiro; eu fui quinto ou sexto colocado, passando meu colega Ricardo Alves na ladeira longa que havia no percurso. Alguns anos depois tive a oportunidade de assistir algumas provas de pentatlo militar e ver o Bandeira em ação: era realmente impressionante sua performance. Coincidiu de sermos agraciados com a Medalha do Mérito Desportivo Militar na mesma cerimônia, na 2ª edição desta condecoração, quando os primeiros atletas militares foram agraciados, junto com meus colegas Abcélvio Rodrigues, que era atleta olímpico do salto triplo e Laurênio Beserra, que era maratonista internacional, entre outros. Foi um privilégio ser lembrado entre atletas militares tão importantes a nível nacional e internacional, vendo que a orientação teve importância entre outros esportes para os militares, pois eu estava ali ao lado de campeões internacionais para receber a condecoração. Lembrando que, em relação a estes atletas de destaque em diferentes modalidades, temos em comum a dedicação ao esporte desde o início da carreira militar.
Em nosso caso: Por que ser um orientista?
Eu acredito que cada pessoa tenha habilidade natural pelo menos para um tipo de esporte. Cada pessoa é diferente, mas possui habilidades específicas que se ajustam a algum esporte em especial. Para os que acreditam que nossa formação acontece por acaso, esta ideia também é válida, devido à grande variedade de genes e infinitas possibilidades. Mas não creio no acaso. Prefiro crer no destino, que pode ser mudado de acordo com nossas escolhas. Não conheci a orientação por acaso, como aparentemente ocorreu, tive a oportunidade de conhecer num momento apropriado. Antes disso tive várias tentativas frustradas com esportes coletivos diversos. Eu até gostava de futebol, mas tinha dificuldade de jogar no meio de garotos maiores. Vôlei e basquete eram um desastre para mim. Com a orientação, identifiquei-me imediatamente e logo nas primeiras atividades tive grande facilidade na prática.
Nem todos têm facilidade para aprender as técnicas de orientação ou sentem-se bem correndo na floresta, mas isso acontece com frequência entre os orientistas. A orientação tem o diferencial de ser praticada preferencialmente em áreas junto à natureza, em florestas e campos. Eu gosto muito de correr longas distâncias, mas fico muito mais interessado quando faço isso com um mapa na mão, em áreas com terreno e vegetação variados, passando por lindas paisagens, quase sempre presentes.
Carlos Alberto Alves foi um exemplo de talento natural para corrida de fundo: ele fez 4.000m em seu primeiro teste de 12min (em minha melhor fase de treinamento só cheguei a 3.870m nos 12 min). Depois de passar a ser atleta, entrou para a Força Aérea e ganhou diversas competições nacionais. Em 1976 foi o segundo colocado na prova de 10.000m no Campeonato Mundial Militar de Atletismo, batendo o recorde brasileiro das Forças Armadas, que permanece até hoje. Ele só não teve uma carreira internacional mais expressiva por falta de incentivo, que era difícil de ser conseguido na década de 70, quando estava em seu auge de desempenho. Quando o conheci, no final da década de 80, ele ainda corria muito mais que eu. Certa vez, após ter parado de competir nas pistas de atletismo, foi colocado para treinar com a equipe de orientação. Apesar de ser um atleta dedicado, em um dos treinamentos saiu do mapa e só conseguiu voltar para a chegada duas horas depois. Ele desistiu da orientação pouco tempo depois disso, mas sempre elogiava meus bons resultados nas competições, dizendo que orientação não é tão fácil como corrida de fundo.
Cada esporte tem suas características próprias, só sendo possível comparar como será nosso desempenho quando experimentamos efetivamente. Muitas pessoas desprezam as oportunidades de praticar esportes, deixando de lado o potencial individual. Outros abandonam o esporte em função da carreira profissional. Nossa carreira profissional ou esportiva depende de nossas habilidades e das escolhas que fazemos, ou seja, das oportunidades que aproveitamos.
A emoção faz parte do esporte, e uma simples competição escolar pode ser muito emocionante e pode ter um vulto grande quando envolve cerca de duas mil pessoas. Foi assim quando iniciei a praticar esporte, com o incentivo de uma competição escolar, onde havia apenas dois meses para treinar até a competição, por isso o treinamento de corrida era diário. A competição entre as quatro turmas existentes era baseada na colocação dos atletas em cada uma das 10 modalidades existentes.
Eu havia vencido individualmente a orientação, porém minha equipe terminou em terceiro lugar. No último dia eu participei da corrida rústica e ganhamos esta modalidade, pois tivemos os dois primeiros, Ricardo Alves e Jobson, o Marostega em 5°, eu em 9° e o Marçal em 10°, sendo que os cinco melhores de cada equipe somavam pontos. A disputa estava acirrada com a turma que ganhou a orientação e outras provas. Na premiação final foi anunciado que uma luta do judô que havia sido levada para o júri técnico foi dada à outra turma e por isso ela venceu a competição geral por diferença de um ponto. Recordo-me que o desapontamento tomou conta de todos em minha turma e eu não pude conter as lágrimas ao ver outros colegas e até os sargentos que nos incentivaram chorarem. Mas depois disso, o discurso para os atletas foi que a maioria continuaria treinando para a competição entre as escolas de sargentos e que no ano seguinte iríamos ganhar todas as modalidades. Ainda não havia competição de orientação entre as escolas, mas eu continuei treinando todos os dias com a equipe de corrida de fundo, pois gostava de correr todos os dias. Para melhorar a equipe de orientação eu chamei quatro colegas de minha especialidade (com quem ficava ao lado no alojamento e nas aulas) para substituírem os que foram últimos na orientação. Treinávamos orientação apenas no horário de educação física, mas não foi tão difícil aprenderem, com exceção de um que desistiu após ser atacado por abelhas e descobrir que era alérgico.
No ano seguinte eu venci novamente a disputa individual e ganhamos a prova de orientação por equipe colocando 4 atletas entre os 5 primeiros. A turma ganhou as dez modalidades, e no dia do encerramento, após recebermos o troféu geral a turma toda, com mais de 500 alunos, desfilou com o comandante levando aquele troféu à frente, e depois mais um aluno de cada modalidade com seu troféu, eu levando o da orientação. Assim aprendemos a perder e a ganhar no esporte, aprendemos sobre a importância da cooperação e amizade para atingir os objetivos comuns, e valorizamos momentos emocionantes como estes.
Na competição entre as escolas de sargentos de 1985 eu conheci uma lenda do esporte militar na Escola de Sargentos das Armas: o então Cabo Bandeira, que já era campeão brasileiro e mundial de pentatlo militar. Ele venceu várias provas da competição de atletismo e natação, venceu também a corrida de 8km, correndo descalço como seu costume, o Cabo Silva foi segundo e meu colega Jobson foi o terceiro; eu fui quinto ou sexto colocado, passando meu colega Ricardo Alves na ladeira longa que havia no percurso. Alguns anos depois tive a oportunidade de assistir algumas provas de pentatlo militar e ver o Bandeira em ação: era realmente impressionante sua performance. Coincidiu de sermos agraciados com a Medalha do Mérito Desportivo Militar na mesma cerimônia, na 2ª edição desta condecoração, quando os primeiros atletas militares foram agraciados, junto com meus colegas Abcélvio Rodrigues, que era atleta olímpico do salto triplo e Laurênio Beserra, que era maratonista internacional, entre outros. Foi um privilégio ser lembrado entre atletas militares tão importantes a nível nacional e internacional, vendo que a orientação teve importância entre outros esportes para os militares, pois eu estava ali ao lado de campeões internacionais para receber a condecoração. Lembrando que, em relação a estes atletas de destaque em diferentes modalidades, temos em comum a dedicação ao esporte desde o início da carreira militar.
Além da dedicação, é importante que o esporte seja praticado com prazer, e para a grande maioria dos orientistas a orientação é uma verdadeira paixão. Este é o principal porquê de praticarmos o esporte. Pode haver muitas outras razões secundárias, mas a paixão é como uma centelha interna, que dá início ao processo de sucesso na modalidade.
O sucesso efetivo vai depender de nosso grau de comprometimento, de acordo com nossos objetivos. O comprometimento está relacionado ao nível de importância da atividade que realizamos. Para o iniciante é um, para o atleta de elite é outro muito diferente. Esse comprometimento é um forte desejo de atingir um objetivo – um atleta precisa ser determinado e ter uma atitude positiva para completar o trabalho necessário para atingir sua meta. Mas em todas as situações, o orientista trabalha com seu coração e tem uma forte motivação interior – outra definição para essa paixão.
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